28 julho 2006

Duas décadas sem Câmara Cascudo


Em julho de 1986, o Brasil perdia um de seus maiores pesquisadores e ensaístas no terreno da cultura. Dialogando com variadas matrizes de pensamento, Câmara Cascudo produziu vastíssima e variada obra, nem sempre valorizada. Refletir sobre ela é fundamental para traçar rumos no debate cultural.

O escritor potiguar Luís da Câmara Cascudo viveu até 30 de julho de 1986. Sua vasta obra, iniciada na mesma época em que nascia o Modernismo brasileiro, explora campos da Cultura Popular, identificando tanto peculiaridades locais e regionais como diálogos com tradições cosmopolitas.

No Brasil, os conceitos de Nação, Povo e Popular começaram a ser trabalhados a partir de fins do século XVIII, no contexto da Revolução Francesa, do Romantismo e do nascimento de alguns estados nacionais europeus, junto com o surgimento dos estados nacionais americanos. Nosso Romantismo abordou figuras humanas, regiões do país e tradições européias, africanas e indígenas, com ênfase nas últimas, indagando sobre o que éramos como Povo e Nação. Com a República, o Povo foi transformado em argumento político central, que batizou o regime – Res publica, “coisa do povo”.

Um pensador radical republicano brasileiro, o romancista Lima Barreto, criticou a retórica da República, construindo outras imagens de Povo e Popular, através de figuras como Ricardo Coração dos Outros (compositor e cantor de modinhas, mulato) e Olga (filha de imigrante enriquecido, que não hesitara em lutar por aquilo em que acreditava), personagens de Triste fim de Policarpo Quaresma. Ele dialogou com temas da grande Literatura de seu tempo ou que lhe foi imediatamente anterior: a mulher e a arte, a força dos pequenos, em autores como Tolstoi, Dostoievsky, Ibsen, Strindberg, Flaubert, Machado de Assis, Eça de Queiroz e outros. Ao mesmo tempo, debateu destinos do Povo no Brasil.

Veja matéria na Agência Carta Maior (www.cartamaior.com.br).

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