04 julho 2006

Incompetência ou propostas superadas?


Já citamos aqui a frustração do colunista da Folha de São Paulo, Carlos Heitor Cony, e da própria direção do jornal paulista, em editorial, incomodados quanto à possibilidade de um segundo mandato do presidente Lula. No editorial e no texto de Cony, alusões a uma suposta incompetência da oposição. Ontem, em visita ao Recife, o senador Cristovam Buarque (PDT), bateu na mesma tecla. Noticiam os jornais de hoje que o candidato do PDT assim explica o bom desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de opinião: "Na verdade, Lula está nessa posição porque nós da oposição somos fracos. Ou porque não tivemos tempo e disposição, ou porque não fizemos o discurso certo. Nós é que somos incompetentes para estar acima dele".

Não se trata de tempo nem disposição para fazer o discurso adequado. Afinal, há mais de um ano a oposição, nos seus diversos matizes, bate duro em Lula diariamente, com ampla cobertura de mídia. Nem tampouco um problema de método. É preciso ir mais fundo e reconhecer que há, sim, uma carência de propostas conseqüentes. O que vemos, da parte do PSDB e do PFL, é a defesa do ideário neoliberal rejeitado pelo povo em 2002. E no discurso das frações à esquerda que se passaram para a oposição, como o PDT do senador Cristovam, predominam teses que pecam, a um só tempo, pelo descolamento da realidade e pela visão meramente setorial dos problemas da nação.

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