14 agosto 2006

O polêmico engajamento de artistas e cientistas

Cultura e Ciência

por Eduardo Bomfim*

A temática do engajamento nos campos das artes e cultura em geral, sempre causou profunda polêmica, quer seja nas instituições que a promovem ou no mundo artístico, intelectual. Não é um assunto de fácil abordagem.

A controvérsia estende-se à área da ciência. Deve o cientista possuir plena consciência e responsabilidade sobre as conseqüências da utilização da sua produção, mesmo na área acadêmica? Essa é uma discussão em que jamais existiu algum tipo de consenso, reclama respostas conceituais e filosóficas.

No entanto, em vários períodos históricos, as relações entre esses dois campos importantes da produção humana e a ação política de Estado, das nações, tornaram-se muito estreitas.
De tal maneira que se confundiram. E muitos dos artistas, cientistas responderam pelas conseqüências dos seus feitos, suas obras. Assim foi no período da Alemanha nazista.

Nas décadas mais recentes, correspondentes à hegemonia neoliberal, o assunto adquiriu novas dimensões. Já não se tratava do papel do Estado na condição de propulsor de estratégias cientificas e culturais.

Surgia com bastante ênfase, um novo ator, dirigente desse processo, o mercado e a globalização. Muito embora, essa discussão venha a esconder algo vital: a presença sempre determinante do Estado nacional em consonância aos movimentos do capital, financeiro ou não. Principalmente, em relação aos objetivos geopolíticos do grande império.

O escritor e colunista Luís Fernando Veríssimo diz que as empresas americanas ligadas ao vice-presidente Dick Cheney, ganharam com exclusividade, contratos para reparar os estragos da guerra no Iraque.

O complexo industrial militar norte-americano, sempre denunciado, é uma poderosa força econômica e política nos EUA. Elege e derrota presidentes.

Na cultura, a resistência de muitos artistas, intelectuais, em defesa da nossa própria identidade é propositalmente confundida como xenófoba, inimiga das inovações produzidas pela humanidade. Dá-se o contrário, os interesses do mercado são impostos hegemonicamente ao país.

Noves fora panfletarismo, inexistem artistas e cientistas neutros, etéreos, acima dos confrontos travados entre os povos que buscam emergência, enfrentando Hollywood ou o Pentágono.

* Colunista do portal Vermelho www.vermelho.org.br

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