27 outubro 2006

Debate da Globo: a opinião sensata de César Rocha

Em geral as avaliações que predominam em nossa imprensa sobre os debates entre os candidatos a governador, agora e no primeiro turno, limitam-se a lugares comuns como a anotação de empates nem sempre confirmados pela observação majoritária dos telespectadores ou por críticas rotineiras ao desempenho dos candidatos: "acusações mútuas", "poucas propostas". O Blog das Eleições (JC Online) foge a essa regra e registra, em cima do fato, uma opinião equilbrada, isenta e sensata do seu editor, jornalista César Rocha, que transcrevemos aqui:

Um debate previsível e conduzido pelo marketing

Essa campanha eleitoral, extremamente longa, esgotou praticamente todos os assuntos abordados pelos candidatos. Não há absolutamente nada de novo até agora no debate entre Eduardo Campos e Mendonça Filho.Dificilmente esse confronto mudará algo no quadro eleitoral em Pernambuco. Eduardo tem 65% nas pesquisas de intenções de votos, contra 35% de Mendonça. É uma vantagem muito ampla para ser anulada até domingo.

O jogo no debate agora é muito mais de estratégias de marketing do que um embate quente, pleno de surpresas ou de projetos diferentes de governo. Os candidatos sabem o que vão perguntar, o que será perguntado e o que vão responder.

Eduardo construiu discurso genérico para tudo. Por meio dele, escapa da herança negativa do governo Arraes, de questões delicadas e passa suas mensagens fundamentais: "Vamos discutir o futuro de Pernambuco"; "é preciso mudança"; "eu represento o futuro e a mudança"; "eu tenho propostas"; "Mendonça é só rancor e o passado, representa as disputas politiqueiras do passado".

Por meio de suas perguntas e respostas, Mendonça busca ainda, a esta altura da disputa, resultados para sua estratégia de desconstrução do candidato socialista, que tem como motes: "Nós fizemos por Pernambuco, Eduardo, não"; "Eduardo se apresenta como novo, mas é o atraso"; "Eduardo mente e engana, não é confiável"; "nós estamos com a verdade".

Como esse jogo vem sendo jogado nesse ritmo e nesses termos desde o início do segundo turno, o eleitorado já não se interessa mais pelo debate. O eleitorado, na verdade, pelo que mostraram as pesquisas até agora, já se decidiu - cerca de 90% dos eleitores dizem ter escolhido seu candidato. E eles - isso ficou claro - optaram pelo discurso de Eduardo.

Por que isso? Por uma série de razões. Uma delas é o desgaste natural de oito anos de governo. Outra, extremamente importante, é conjunto de falhas das duas gestões Jarbas/Mendonça em áreas críticas como a de segurança pública.

Há ainda os erros cometidos na campanha de Mendonça, candidato que não foi construído, enquanto a União por Pernambuco buscava desconstruir Humberto Costa, no primeiro turno, deixando que Eduardo pavimentasse o caminho dele.

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2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Luciano,
meu ex-chefe e amigo Inácio França escreveu um artigo intitulado "O amor do meu voto", que inclusive saiu no Vermelho; pois o texto chegou ao conhecimento do presidente Lula - que se emocionou ao ler.

O fato (e o artigo mencionado) está descrito no site Estuário, do também jornalista e escritor Samarone Lima: http://estuariope.blogspot.com/

Um abraço.

Anônimo disse...

Prezado Luciano Siqueira:
Muito oportuna essa análise do jornalista Cesar Rocha, pois nós leigos precisamos estar informados de algo a mais do que aparece durante o debate.
Parabéns pelo seu blog, pois es~tá bem informativo e bonito com poesia e fotos.
João Santos - Jaboatão dos Guararapes-PE