25 agosto 2007

Sobre blogs e imprensa

No Blog do Mino:
Macacos me bloguem
Uma recente campanha do Estadão divulgada por via eletrônica provocou polêmica e acabou por sair do ar. Há quem diga que foi contraproducente ao insinuar que ao distinto público convém confiar no jornal e rejeitar informações colhidas nos blogs, em geral incorretas, quando não simplesmente falsas. Um dos anúncios precipitou reações iradas nas hostes blogueiras. Apresenta um estudante de pós-graduação em busca de saber no “blog do Bruno”, o qual é um macaco que ganha uma banana a cada post. Ou algo assim. Não me surpreenderia se houvesse macacos a soltarem mensagens eletrônicas, mas também jornalistas de excelente qualidade comparecem no pedaço. Cito de chofre Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Bob Fernandes, Tão Gomes Pinto. Quanto a mim, tenho medo de computador, aquela bocarra escancarada pode engolir-me a qualquer instante. Acho que muita gente já foi engolida e ainda não percebeu. Muita garotada, inclusive. Mas a ocasião permite-me refletir sobre a diferença entre o texto impresso e aquele solto no ar, na zona miasmática, e para mim enigmática, insondável, entregue aos mistérios eletrônicos. Mesmo para jornalistas tarimbados, o blog oferece naturalmente um campo maior para a opinião. Por exemplo. Eu, na minha Olivetti, quando a escrita destina-se a meu blog, palpito muito, talvez demais. O blog é uma pradaria bem penteada e sem limites. Que dirá, então, como se oferece a quem surge em cena sem peias, sem o rigor do jornalista responsável, com o único objetivo de soltar o verbo e pronunciar a sua? Resisti muito à idéia do blog, mesmo porque não lido diretamente com o computador. Agora que adentrei a área faz quase um ano, gosto do seviço. Em relação ao texto impresso, leva a vantagem da reação imediata do leitor. Sei, não estou a descobrir a pólvora, isto é, como se diz, interação. Na zona miasmática, o diálogo se instaura. É estimulante, é divertido, é compensador. No fundo, comparar jornal, ou revista, com blog é bobagem. Cada um na sua, penso eu. E, em primeiro lugar, estou interessado na permanência da escrita, que é a melhor de preservar intacta a língua, nossa pátria.

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