23 abril 2008

Liberdade de expressão: Sérgio Augusto

Fim da frente de esquerdas acordou estudantes
Sérgio Augusto Silveira*sergioaugusto_s@yahoo.com.br

Completado um mandato e meio deste governo conquistado pela frente de esquerdas em 2002, os efeitos do exercício do poder máximo da República praticamente desfizeram essa frente e estão agora causando a reinvenção das mobilizações estudantis. Estes efeitos, causados pela disputa de cargos e desentendimentos quanto às medidas para tocar a administração, geraram a divisão, PT para cá, PCdoB para lá, PSOL para mais longe, PCB superdistante e por aí vai.

O impacto dos desencontros entre PCdoB e PT está resultando no ressurgimento da mobilização estudantil no País. Antes, hipnotizados pela vitória nas urnas, os universitários sentiram a desilusão mais cedo do que imaginavam, livrando-se do efeito paralisante ditado de cima pela grande aliança dos vitoriosos. Os comunistas do B resolveram não mais prosseguir com aquele comportamento estreito ditado pela alegada necessidade de “não fazer o jogo da reação para não enfraquecer o governo de Lula”.

Agora, a estudantada organizada em seus diretórios redescobriu a, digamos, subversão, reencontrando as emoções dos anos 60, anos 70 e 80. Deu para perceber isso em maio e junho do ano passado, quando os universitários da USP, enfrentando o governo estadual paulista, se mobilizaram ruidosamente em favor da autonomia daquela universidade.

A União Nacional dos Estudantes – controlada pelos comunistas – não mais está de mãos e pés atados. A ordem, agora, é soltar o grito que estava preso no peito, tomar as ruas com palavras de ordem agressivas denunciando a decadência dos costumes políticos, a imoralidade de muitos que estão nos comandos da República.

Foi com esse gás que a massa de estudantes da Universidade Nacional de Brasília rebelou-se, escandalizada, contra o comportamento do reitor, do vice-reitor e conseguiu tirá-los dos cargos, exigindo votação paritária para a escolha dos novos dirigentes da UnB. Essa luta ainda está se desenrolando.

Assim como aconteceu na USP, os universitários da UnB deram à mobilização a cena fundamental para chamar a atenção de todo o País, ou seja, a ocupação do espaço físico da reitoria. Com isso, revelam ter aprendido bem as lições dos mais velhos, que viveram a agitação, a pauleira e as conquistas de 20, 30 anos passados. Constatado isso, percebe-se que, com a redescoberta da força e capacidade dos universitários, surge, na figura deles, um outro personagem no palco da política brasileira.

Ou melhor, ressurge aquele antigo personagem, agora desencantado, acordado, desobediente. Enfim, pronto para denunciar toda a decadência dessa República.
*Jornalista

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito perigoso esse tipo de raciocínio, pois, a essência dessas mobilizações é contra o mau uso dos cartões corporativos, coisa que por sinal na lógica da grande mídia o ex-presidente da UNE, Orlando Silva, também cometeu.
Não acho produtivo esse tipo de apelo para com o movimento estudantil. Ademais, a UNE tem buscado dar combate não só a corrupção, mas, ao entreguismo da educação aos grupos internacionais, participando da campanha liderada pela CONTEE:
"Educação não é mercadoria". Por que isso não é mostrado? Sabemos onde querem chegar.
Daniel Max