05 julho 2008

O negro e a mídia

Por que um negro, senhores da mídia?
José Amaro Santos da Silva*

Gostaria de ser um dos signatários do documento a ser enviado ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral-TSE, para barrar os bandidos que almejam candidatar-se a mandatos eletivos e que têm problemas de ordem moral, que vêm corroendo as finanças do país desde tempos imemoriais da ocupação portuguesa do solo brasileiro e que têm facilidade para ocupar cargos políticos. Até mesmo, porque, o dinheiro fácil que o poder lhes proporciona os fazem galgar postos, não somente nos foruns de debates, como nos cargos executivos.

Ocorre que as figuras desses larápios engravatados, em sua maioria, são brancos ou assemelhados, conforme suas ascendências vindas dos meios luzitanos que colonizaram o Brasil.

A TV-Globo, entretanto, está a exibir a figura de um homem negro, um ator de sobeja competência, na novela A Favorita, que faz política, um riquíssimo deputado, para quem o dinheiro e as tentativas de compra de consciências ocorrem com a maior facilidade sendo um dos piores exemplos de corrupto já mostrado nesse tipo de ficção.

Imaginem! Um negro e não um branco a exemplo de um Lauro Maia, o empresário recentemente preso no RGN pela Polícia Federal, além de outros da mesma estirpe, que continuam a enganar um eleitorado, inconsciente ainda da sua cidadania.

Isso ocorreu aqui em Pernambuco, quando existiram aqueles que foram apontados como "anões do orçamento" e que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça-CCJ da Câmara Federal, à época, também pernambucano, fez por onde os tais "anões" não fossem indiciados e julgados. Até hoje tem gente exercendo mandato político, na oposição, danado da vida por não poder meter a mão no dinheiro público, desonrando a terra pernambucana.

A Globo está invertendo os valores. Por que será? Seria a ideologia dos psicanalistas dos anos 30 do século passado, ou daqueles que foram da PID-polícia política dos tempos do Getúlio Vargas, ou mesmo as ações racistas e intolerantes nos tempos de Agamennon Magalhães quando governador de Pernambuco, para os quais todos os males do país eram causados pelos negros ou assemelhados?

Creio que se trata de uma inversão proposital, para renascer, talvez, um sentimento de perseguição aos afro-descendentes, especialmente quando o presidente da república vem criando pastas administrativas para cuidar de políticas de inclusão social e de igualdade racial, valorizando, assim, etnias secularmente alijadas de posições de destaque na vida política, jurídica, administrativa e econômica do país.

Pois, outra razão nós não vemos nessa criminosa amostra de um ser negro, que mesmo sendo um ator, ter que representar muito bem o papel de um procer da corrupção no Brasil. É necessário que as ONGs que lidam com cidadania e, até mesmo a Fundação Cultural Palmares, atentem para este fato.

Quanto aos políticos corruptos de fato, esperemos que o Tribunal Superior Eleitoral-TSE reveja sua posição, barrando nas fontes, ou seja, nos TREs, as candidaturas de indivíduos notoriamente reconhecidos nas hostes da imoralidade pública.
* Musicólogo - Prof. do Dep. de Música e Vice-Presidente da Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara da UFPE.

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