05 julho 2008

Seriedade na política

De Audísio Costa* sobre o meu artigo A política levada a sério: A questão maior que temos em nosso quotidiano é a política. Nada é feito sem que ela esteja presente. O salário depende da política salarial. A educação da política educacional. O preço dos alimentos de várias políticas específicas, agrícola, controle de preço, de impostos, etc. implantadas.
E assim a moradia, o saneamento básico, etc. Em síntese o conjunto das políticas específicas define o sistema de Estado. Portanto nossa vida será melhor ou pior em função do sistema político vigente em cada país. Por outro lado Einstein, grande físico alemão afirmava que tudo é relativo e tal afirmativa hoje é comum se ouvir popularmente. Embora tal afirmativa seja realidade, esta é especial na política, pois existem várias concepções de estado em luta na sociedade, luta acirrada, cada um defendendo seu ponto de vista de acordo com sua concepção ideológica. Este confronto de idéias nem sempre é compreendido. A necessidade de se ter de imediato melhor qualidade de vida, geralmente suprime a consciência de que o processo de construção social é histórico. Afinal a vida é uma evolução histórica: nascemos sem falar, sem andar, sem saber, mas com todas as capacidade para na evolução desenvolvermos todos estes atributos.
Portanto, camarada Luciano, concordo com o termo política levada a sério. Pois tem que ser se quisermos uma sociedade de paz e felicidade. Não há felicidade sem paz. Como poderemos ser felizes numa sociedade com tanta violência, como a nossa nos dias atuais? A violência não surgiu de imediato, foi fruto do modelo econômico concentrador de renda que marginalizou socialmente um grande contingente de cidadãos e cidadãs. Para mudar esta situação é necessário a compreensão política de sociedade que pode evoluir melhor ou não na mediada em que sejam eleitos aqueles que realmente lutam historicamente por uma sociedade justa fraterna e solidária. Entretanto, camarada, isto não acontece. Tal compreensão não existe na maioria daqueles que necessitam a cada dia de apenas um pão para saciar instantaneamente sua fome. Aí entra este modelo cruel do capitalismo que passando quatro anos sem visitar esta população, mas nos fóruns de decisão política lutando apara manter esta situação, no período eleitoral, com seu potencial econômico, chegam como salvadores, pagando as lideranças para que canalizem os votos da comunidade para os políticos que defendem as políticas que levam a este estado de miséria. Eis a contradição, votam para se manter na miséria. Mudar este quadro não é fácil. Até porque os camaradas mais conscientes politicamente, às vezes esquecem que o processo é histórico e passam a agir apenas emocionalmente, em defesa absoluta de suas idéias sem compreender a refletividade da correlação de força entre os diferentes grupos políticos. Só a luta incansável de muitos pode reverter este processo. Por isto continuemos a lutar por uma nova sociedade, consciente de que para tal ser atingido e indispensável que a política seja levado a sério.
* Professor da UFPE e candidato a vereador no Recife pelo PCdoB.

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