24 setembro 2008

Nosso artigo semanal no Blog de Jamildo (JC Online)

Redução da desigualdade pede crescimento acelerado
Luciano Siqueira

É sempre necessário relativizar dados estatísticos, assim como manter a cautela quando se trata de festejar resultados de curto prazo no que se refere a indicadores sócio-econômicos. Feita a ressalva, vale anotar a informação divulgada dias atrás pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) de que nível de desigualdade de renda no Brasil caiu 7% entre 2001 e 2007, passando de 0,593 para 0,552, tendo como referência o coeficiente Gini segundo o qual quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade.

Uma boa notícia, sobretudo porque acrescida da avaliação de que, segundo os pesquisadores, “essa queda acentuada e contínua há seis anos na desigualdade é a mais duradoura já ocorrida nas últimas três décadas”.

Relativizar o quê? O fato de que os números dão conta de uma melhora razoável, sim, porém em relação a quase três décadas de semi-estagnação da economia, as tais “décadas perdidas”. Ou seja, se estávamos tão ruins em razão do emperramento do desenvolvimento econômico, sem o que não se pode pensar em reduzir desigualdades, qualquer melhora causa euforia.

Tudo bem. Mas a euforia deveria dar lugar a uma moderada satisfação com o resultado apresentado pelo IPEA, vez que para continuar nos anos seguintes, de modo consistente, a atual expansão das atividades econômicas terá que adquirir sustentabilidade.

Isto significa, na modesta opinião de quem lhes escreve neste instante, avançar também na superação de condicionantes macroeconômicos conservadores que persistem, apesar do crescimento do PIB fundado principalmente no alargamento do mercado consumidor interno, isto é, sem a dependência de antes dos rumos dos acontecimentos fora do país. Claro que não estamos falando de minimizar ou subestimar os riscos advindos da atual crise norte-americana e dos abalos que causa mundo afora; mas estamos apoiados no que afirma o próprio governo, em sucessivos pronunciamentos do presidente Lula e do seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que não há o que temer.

Se não o que temer, por que a política de juros elevados, que sabidamente retém a expansão das atividades produtivas indispensáveis à desejada sustentabilidade? Porque para a chamada equipe econômica, Banco Central à frente, o foco continua na teimosia em manter o câmbio sobrevalorizado, ainda que com o pretexto de combater a ameaça inflacionária. E assim sendo, o crescimento será sempre moderado e duvidosa a continuidade da curva descendente na redução da desigualdade social.

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