12 setembro 2008

Opinião de Sérgio Augusto

Esquerda recifense em vésperas de outra vitória histórica
Sérgio Augusto Silveira*
sergioaugusto_s@yahoo.com.br

A estas alturas da campanha eleitoral municipal é possível avaliar quem será, ou quais serão os grandes derrotados nas urnas de 2008. Neste campeonato às avessas, temos como favorito ou preferido do eleitorado recifense o herdeiro do pefelismo pernambucano (já ia dizendo coronelismo) na figura do ex-governador Mendonça Filho.

Diante dos mais de 20 pontos percentuais a menos que o candidato petista João da Costa, já há quem vem chegando aos ouvidos de Mendonça para avisá-lo que ainda é tempo de tirar o time de campo, abandonar a candidatura e, com isso, evitar um enorme desgaste. Com isso, se preservaria para uma disputa maior em daqui a dois anos.

Sua iminente e rotunda derrota para a esquerda não seria a primeira. No entanto, desta vez revela uma via que leva à segunda grande derrota das forças políticas identificadas como conservadoras nesse Estado.

Estas tiveram a primeira grande derrota nos anos de 1950, quando nasceu a Frente Popular do Recife elegendo o governador Miguel Arraes e o prefeito Pelópidas Silveira. O tempo e as eleições passaram, a malfadada ditadura de 1964 acabou, o?fantasma? do socialismo (ou comunismo, se quiserem) se foi.

Renasceu, então, a concepção de justiça social, distribuição da renda, as mobilizações de trabalhadores em todo o País. Independente dos símbolos mundiais da derrota da esquerda, tais como a queda do muro de Berlim (paradigma do fim de uma época), no Brasil e em Pernambuco aconteceu um avanço das forças de esquerda. E isso é um fato, não uma opinião.

Lembremos do resultado da eleição municipal da virada do século, a de 2000.

Naquele momento, muita gente nos meios políticos locais lembrou-se da frase dita pelo governador Agamenon Magalhães: Recife é uma cidade cruel. Podemos acrescentar, nesta hora, que a crueldade ainda não acabou. Vem mais por aí.

Aqui, nesta megalópolis peculiaríssima, o avanço da esquerda não surpreende aos que a vêem em perspectiva histórica, aos que a vêem como a capital da resistência diante do colonialismo, como linha de frente progressista nos anos de 1950 e início de 1960. Não surpreende agora, nas vésperas do que, ao que tudo indica, se desenha como uma retumbante vitória nas eleições de 2008.

Faltam poucos dias para o eleitorado dar ou não razão a essa expectativa.
*Jornalista

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