27 dezembro 2008

Amiga da onça

Revista Brasileiros:
Pesquisadora brasileira dedica sua vida a conscientizar os caçadores e a cuidar para que a onça-pintada do Pantanal não seja extinta
. Povo pantaneiro acorda antes do sol. Com as curicacas cantando na janela, às 5 horas da madrugada, Sandra Cavalcanti já está de pé, com os longos cabelos loiros trançados, cavalos arreados e equipe a postos. Gosta de ver o dia clarear no mato. Escolha própria, feita por prazer. Os oito cachorros onceiros da comitiva apuram o faro nas trilhas encharcadas. No caminho, começam a latir, "barruar", como se diz no linguajar local. É o sinal de que "levantaram" a onça-pintada, isto é, acuaram o felino e o obrigaram a subir em uma árvore. Os pesquisadores se aproximam olhando para cima, pois sabem os riscos de ter um gato de mais de 120 quilos sobre suas cabeças. É preciso agilidade para preparar o dardo com anestésico e a pontaria.
. Aos poucos, a onça perde as forças e cai desacordada. Sandra, então, colhe sangue, mede o tamanho das presas, das patas. Deitado no chão, o animal recebe um nome e um colar. Passa a desfilar pela maior planície alagável do planeta com um radiotransmissor e um GPS (aparelho de localização) presos ao pescoço. Em silêncio, a cientista espera que o bicho volte da anestesia, reconheça o novo adereço e siga seu rumo no verde da vegetação. Numa dessas caçadas, a onça saltou para o chão. Mesmo sedada, não se intimidou com os cachorros, que partiram para cima do felino. Sem pensar, Sandra reagiu. Teve medo que eles machucassem o animal já grogue por causa do remédio. Um a um, ela levantou os cães e jogou-os para os peões detrás das árvores. "Eu tirei todos os cachorros de perto dela, precisava defender o bicho. Depois, tomei uma bronca do caçador que me acompanhava", relata.

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