29 janeiro 2009

Há quem ganhe muito em plena crise

. Curiosa a matéria veiculada hoje pelo Valor Econômico, sob o título “Distribuição de lucros cresce em plena crise.” Veja.
. O aprofundamento da crise mundial ainda não se mostrou forte o suficiente para impedir as maiores empresas brasileiras de aumentar a distribuição de lucros aos acionistas. Levantamento realizado pelo Valor Online com as 20 maiores empresas de capital aberto do país mostra que, nos quatro meses após o fatídico 15 de setembro de 2008, quando a quebra do Lehman Brothers marcou o agravamento da crise pelo mundo, essas companhias anunciaram R$ 21,7 bilhões em remuneração aos acionistas, tanto na forma de dividendos como em juros sobre o capital próprio. . No mesmo intervalo entre o fim de 2007 e o início de 2008, o total ficou em RS 18,5 bilhões.
. A distribuição desses valores evidencia, segundo especialistas, que boa parte das grandes companhias nacionais ainda não vive uma situação delicada em termos de necessidade de crédito ou disponibilidade de caixa. Se fosse esse o caso - como vem ocorrendo no exterior e com algumas empresas brasileiras de menor porte, como a Lojas Renner -, a retenção dos dividendos seria uma opção interessante para formar uma espécie de "colchão" de liquidez. . Apesar de a legislação prever distribuição mínima de 25% do lucro na forma de dividendo, os administradores das empresas não têm obrigação de antecipar o pagamento e também podem alegar, durante a assembléia de acionistas, que a remuneração é incompatível com a situação financeira da companhia.
. A generosidade das empresas com seus acionistas chamou a atenção dos sindicatos de trabalhadores, que pretendem usá-la como argumento contra as demissões. O presidente da CUT, Artur Henrique da Silva, diz que a entidade está elaborando um estudo que abrange o pagamento de dividendos das 200 maiores empresas de capital aberto. A idéia é cruzar esses dados com empréstimos tomados pelas companhias com recursos do BNDES, FAT e FGTS. A depender dos resultados, a central avalia o lançamento de uma campanha nacional pelo cancelamento dos dividendos enquanto durar a crise.
. As maiores distribuições de dividendos foram anunciadas por Petrobras (R$ 7 bilhões), Vale (R$ 3,5 bilhões) e Bradesco (R$ 1,99 bilhão).

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