27 março 2009

Perfil de um revolucionário

Da jornalista Jana Sá recebi por e-mail e transcrevo:

Glênio Sá: Comunista por Opção, Pai por Amor

Há 18 anos, em 26 de julho, sofri o mais duro golpe da minha vida, a perda do meu pai. Uma dor compartilhada com milhares de pessoas, em especial os trabalhadores e democratas do Estado do Rio Grande do Norte, pois foi ao lado do povo trabalhador e idealizador de uma sociedade mais justa que Glênio Sá tratou de travar incontáveis lutas, menosprezadas durante muito tempo como episódios sem significação que firmariam a passividade como conceito diante da tirania e da desigualdade.

Não se tratava de ser uma espécie de super-homem. Nada disto. Homem simples, como não poderia deixar de ser, tinha debilidades, falhas e erros. Mas, sabia que ser comunista não era um ato de proclamação solene nem apenas um comprometimento formal, era antes e acima de tudo uma transformação real e consciente nas idéias e práticas, no comportamento ideológico e moral, na elevação do nível de compreensão política e das aptidões práticas, no desempenho das atividades partidárias e das responsabilidades. Aos 16 anos, já tinha presente de que ser comunista era uma opção cotidiana.

Em todos os seus atos, era extremamente responsável para cumprir as tarefas revolucionárias. Era um líder que encarnava a missão e quem o seguia, seguia como quem segue o próprio organismo coletivo. Somente a morte quebraria um compromisso firmado por Glênio. A morte interrompeu a vida de um homem que só queria a felicidade da humanidade. Ele não se importava se a trajetória desta felicidade implicava na abdicação das benesses de sua vida pessoal. Foi forte diante do inimigo de classe, mas foi impotente diante da morte.

Esse homem, a quem o povo mesmo inconscientemente deve muita gratidão pela abnegação com que abraçou a causa do proletariado, nunca reclamou da difícil vida pessoal que teve. Ao contrário, resistiu até onde a vida lhe permitiu que vivesse. Começou a luta lado a lado, permaneceu fiel a ela lado a lado, organizou o partido lado a lado, e quis a fatalidade que essa longa jornada de luta consciente de 24 anos fosse interrompida.

Glênio Sá deixa um legado de coerência, probidade, abnegação, lealdade, renúncia pessoal e, acima de tudo, incorruptibilidade. Contudo, de tudo o que sei, o que mais me impressiona é a lembrança de um pai muito doce, calmo, carinhoso, compreensivo e presente. Quando penso nele me vem a mente a sua imagem sorrindo. A ele devo o motivo de meu entusiasmo e amor pela vida. Meu pai, ao mesmo tempo em que deixou um grande vazio na família, partindo quando eu ainda tinha seis anos e o meu irmão Gilson nove, deixou o que considero hoje a maior herança: seu exemplo de vida e de luta. Sua luta e seu exemplo terão a continuidade na concretização do meu ideal. E por todo tempo que ainda viver, perpetuarei sua memória, pois uma árvore morre, mas deixa dentro de seus frutos a semente de sua vida.

Hoje, passados dezoito anos, a única forma de homenageá-lo é colhermos o fruto da semente plantada e regada carinhosamente por esse baluarte da classe operária.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Emociona ler esse artigo que demonstra o amor de uma filha que descobre no pai um herói do povo brasileiro.
José Carlos