26 julho 2009

História: 19 anos da morte de Glênio Sá, combatente do Araguaia

Glênio Sá: O tempo passa, mas a memória permanecerá viva em nossos corações!
Jana Sá*


Escrevo hoje com a mesma dor de quem escreveu em seu diário há 19 anos: Painho, agora que sei que sua casa é no céu, queria pedir para jogar uma estrela como presente. E porque não dizer com a mesma saudade. Como define Pablo Neruda, a saudade é amar um passado que ainda não passou e recusar um presente que nos machuca.

A única diferença que o tempo me coloca é o verso. Quem não se lembra do poema de Bertold Brecht sobre os que lutam um dia, um ano ou até anos a fio? São bons, muito bons, alguns melhores. Mas imprescindíveis são os que lutam a vida toda. Do exemplo da vida à militância, são homens imprescindíveis como o meu Pai, Glênio Sá, que conferem consistência histórica aos partidos portadores de um programa revolucionário, como o Partido Comunista do Brasil.

Não rara as vezes, pedem-me para falar de Glênio Sá. Dizem conhecê-lo como líder político, mas têm a curiosidade de saber um pouco mais dele como homem, da sua vida. Como filha, tenho as melhores recordações. Era um pai carinhoso, brincalhão, amável. Tenho do meu pai a lembrança de uma pessoa muito doce, calma, calada e presente. Sempre que falo ou penso nele me vem a sua imagem sorrindo. Seu aspecto era o de uma pessoa que sabia seu papel na vida e vivia como se tivesse ainda todo o tempo do mundo pela frente.

Possuía a coragem e a paciência de quem fez uma descoberta de vida na vivência do sofrimento e a internalizou definitivamente como sabedoria. Aqueles que o conheceram mais de perto, sabem que era de um temperamento afável no trato com as pessoas, um homem de muita compreensão com o lado humano.

Homem de Partido era arguto e ágil no pensar e no agir. Incansável, infundido confiança, jamais se dobrou às dificuldades, nunca temeu sacrifícios e riscos nem pensou em si mesmo ou em comodidades. Nem podia, como verdadeiro comunista não escolhia tarefas. Estava disposto a realizar qualquer missão designada pelo PCdoB.

No combate à Ditadura Militar, empenhou-se para que o Partido estivesse à altura de cumprir seu papel, e para que nós pudéssemos viver em democracia e desfrutássemos das liberdades individuais e sociais conquistadas.

Impossível terminar sem a saudação tão entranhadamente latino-americana:

Camarada Glênio Sá, Presente! Agora, e Sempre!
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* Jornalista, filha do guerrilheiro Glênio Sá

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