22 julho 2009

Uma análise do Congresso da UNE

Editorial do Vermelho:
A rara exceção e a enorme vantagem da UNE

Nos últimos dias (17 a 19) o Brasil assistiu um espetáculo único. Nenhum outro movimento, entidade ou organização é capaz de aglutinar a diversidade de forças que o 51º Congresso da UNE (Conune) reuniu em Brasília.

É notável que os estudantes mantenham, com a UNE – e com a Ubes, no caso dos secundaristas –, a coesão sonhada mas ainda não alcançada por outros setores dos movimentos sociais. Também no mundo esta é uma rara exceção: e uma enorme vantagem, que multiplica o vigor do movimento estudantil brasileiro.

A mídia mercantil mais uma vez torceu o nariz. Acusou a UNE de ''chapa-branca'', por ter recebido R$ 920 mil de instituições e estatais federais para o Congresso. Sobretudo, não perdoou a presença do presidente da República no Conune, pela primeira vez nos 72 anos da entidade.
Lula foi. Levou 11 ministros. Falou para mais de 10 mil estudantes das mais diferentes tendências. Não ouviu uma vaia – nem sequer da oposição. E o aplauso mais forte foi quando ele defendeu a independência e autonomia da UNE:

''Eu vim aqui e a Lúcia [Stumpf, presidente da UNE até o Conune] fez o seu discurso mais forte ainda porque sabe que eu estava aqui. Essa relação civilizada, democrática, ninguém tem que ser dependente de ninguém. Vocês são uma entidade com autonomia, na hora que vocês não concordarem é para dizer na minha cara: não concordo, sou contra e vou para a rua fazer passeata'', disse Lula.

Sim, a UNE recebe dinheiro público no governo de Lula, como nos governos de Itamar, e Goulart, e JK, e antes, desde Getúlio. É legítimo e democrático. Ilegítimo e antidemocrático é proibir a UNE, queimar sua sede, matar na tortura o seu presidente, como fez a ditadura. Ilegítimo e antidemocrático é passar oito anos na Presidência sem receber a entidade máxima dos estudantes, como fez Fernando Henrique Cardoso.

A presença de Lula marcou com razão o 51º Conune. Porém quem deliberou foram os milhares de delegados vindos de todo o país, no Congresso mais representativo da história da entidade, eleitos em 100% das universidades e 92% das escolas isoladas brasileiras.

Em outro paradoxo aparente que enerva a mídia mercantil, o tamanho e diversidade elevaram a unidade do movimento. O debate teve um clima de civilidade que representa um avanço. Seis chapas concorreram à diretoria (entre elas uma do DEM). A primeira colocada teve 71,8% dos 2.809 votos; as duas que se seguiram, com 14,6% e 12,6%, também vão compor a nova Executiva.

A diretoria recém-eleita, presidida pelo paulista Augusto Chagas, 27 anos e da UJS, recebe um mandato de muita luta. A UNE apresentou em maio um projeto de reforma universitária que tramita no Congresso Nacional, sob o ataque cerrado do lobby dos donos de escolas. Serão necessárias não poucas passeatas para a reforma vingar.

A entidade também quer que a metade da riqueza que vier do petróleo do pré-sal vá para a educação. E iniciará em breve as obras de sua nova sede, projetada por Oscar Niemeyer, com 13 andares, no mesmo terreno da antiga sede na Praia do Flamengo, reocupado recentemente pelos estudantes.

Um comentário:

Anônimo disse...

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