13 agosto 2009

Coluna semanal no portal Vermelho

“Cada macaco no seu galho”
Luciano Siqueira


Essa é uma expressão popular muito comum em terras nordestinas e sugere que ninguém fique zanzando por aí sem saber nem ter o que fazer, à margem das coisas que dão sentido à vida. Mais: que além de ter o se lugar, que se esforce por cumprir o papel que lhe cabe. Vale para a vida profissional, familiar e tudo mais, até para o time de futebol de várzea que peleja no fim de semana.

Num partido político há de ser assim. Sobretudo num partido - como é o caso do PCdoB – que se move por objetivos estratégicos definidos e é chamado a uma ação permanente e continuada, no curso real dos acontecimentos – e, assim, não pode prescindir do melhor dos esforços dos seus militantes, homens e mulheres envolvidos na prática política consciente.

Mas, saiba o leitor que porventura não esteja afeito à vida partidária, nem sempre as coisas acontecem desse modo. Há um fenômeno que permeia a subjetividade militante e contamina em boa medida instância de direção que denominamos espontaneísmo que enfraquece a capacidade combativa e impede a necessária antecipação aos fatos. Quem age de modo espontaneista se queda a reboque dos acontecimentos, sem plano previamente definido – e por isso colhe resultados inferiores ao que a realidade propicia.

Costumamos dizer que uma vez definida a política, e se ela é justa, a organização é que decide tudo; e que em matéria de organização, os quadros são decisivos. Nessa linha de raciocínio, o documento “Política de quadros comunistas para a contemporaneidade”, submetido a debate no transcurso do 12º. Congresso do PCdoB, ora em andamento, contém como diretriz garantir que nenhum quadro permaneça sem projeto definido de atuação, de modo a que a cada quadro deve corresponder um projeto político bem delineado, em condições de tempo e lugar determinados, formulado com visão multilateral e participativa, com métodos persuasivos, e visão de curto, médio e longo prazo. Isto levando em conta os anseios e aptidões pessoais, combinando as tarefas partidárias com a inserção social de cada um, preservando seus vínculos profissionais, sociais, familiares ou inclinações pessoais.

Em outras palavras, isto quer dizer “cada macaco em seu galho” de um jeito a um só tempo comprometido com a causa e inserido em seu habitat natural, para que cada um possa dar o melhor de si sem se desprender do leito real da vida.

Disso só se pode esperar um partido cada vez mais assentado na realidade concreta e capaz de cumprir o seu papel transformador a custa do trabalho entusiasta de centenas de milhares de quadros militantes.

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