12 agosto 2009

Meu artigo de toda quarta-feira no Blog de Jamildo (JC Online)

O fator Marina Silva e a euforia desmesurada da mídia
Luciano Siqueira


Quem gosta de futebol e acompanha a transmissão de jogos da seleção brasileira pela Rede Globo deve estar familiarizado com os arroubos desmesurados do narrador Galvão Bueno: “No capricho!”, e o escanteio é batido de modo pífio por Ronaldinho Gaúcho; “Vai esquadrão canarinho, nosso futebol é o melhor do mundo, vai em frente, essa é nossa!”, e o time insiste na troca de passes laterais sem nenhuma objetividade. E assim vai, até que, ao final da partida, quando joga mal, a seleção enfim tem a apreciação objetiva do narrador, rendido ao resultado insosso.

Apreciação objetiva da possibilidade da senadora Marina Silva trocar o PT pelo PV e se candidatar à presidência da República é o que está faltando aos “analistas” das mais diversas estirpes que ocupam privilegiados espaços na grande mídia. Imitam Galvão Bueno, nutrindo expectativas além do que a realidade permite; conferindo à acreana o poder de desequilibrar a provável candidatura da ministra Dilma Roussef, do PT. Por serem ambas do sexo feminino, talvez.

Quanta bobagem! Quanta parcialidade!

Mais: os esforços que próceres petistas vêm fazendo para convencer a senadora a permanecer no partido são vistos como manobras “desesperadas”, decorrentes de um “susto” terrível... Mas é claro que todo e qualquer partido político que se preze se esforçará sempre por manter em suas fileiras militante que, como a ex-ministra, está filiada há mais de trinta anos, ostenta imagem pública positiva e larga trajetória de luta em torno de bandeiras de reconhecido apelo popular. Se a subestimasse, aí sim, o PT estaria procedendo com soberba. Mas daí a entender que os petistas reagem “assustados”com o risco de uma segunda mulher na disputa presidencial capaz de enfraquecer a sua candidata preferencial – Dilma – vai uma distância de anos luz.

Engraçado é que nessa eufórica e assimétrica análise os que saúdam a hipótese da candidatura de Marina Silva como fator de desestabilização da disputa, benfazeja (para a mídia comprometida com a oposição) “terceira via”, sequer se detém nas reais potencialidades de uma candidatura pelo PV. Pior: abstraem que o PV é aliado do PSDB, portanto do governador Serra, provável candidato tucano à presidência; e também aliado do PSOL, que tem na ex-senadora Heloisa Helena outra possível candidata.

Ora, considerando esse dado desprezado pelos “analistas”, há que pelo menos se especular se a o “fator Marina” ajudaria ou atrapalharia Serra e Heloisa, ao invés de embarcarem todos na euforia anti-Dilma à moda do narrador-torcedor Galvão Bueno. www.lucianosiqueira.com.br

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