21 fevereiro 2010

O desabafo de um cidadão atento

Trata-se, obviamente, da opinião pessoal do autor - que não coincide em vários aspectos com a do "blogueiro". Mas reflete a opinião média de um segmento considerável da população e por isso mesmo suscita reflexão. (LS).
O voto. Só tenho o meu
Paulo Salles Cavalcanti, economista
sallescavalcanti@hotmail.com


2010 está às portas. Eleição geral para todos os gostos. É hora de novamente pensar no voto. Fico surpreso quando vejo um determinado candidato dizer que tem tantos mil votos, ou ainda que os votos de candidato tal irão para o candidato qual. E por aí vai. São proprietários de muitos votos. Serão mesmo?
Não sou candidato a nada e só tenho um voto: o meu. Por isso tenho que analisar bastante a quem vou destina-lo. Até porque ando meio ressabiado com o regime democrático, mesmo tendo aprendido ser ele o melhor sistema político. Na verdade, a tal “democracia brasileira” desviou-se bastante dos ideais da doutrina política criada pelos antigos gregos: governo do povo, pelo povo e para o povo. Notadamente quando os políticos se arvoram de donos dos votos. Elege-se um candidato e ele simplesmente abandona o seu eleitor e relega tudo que havia antes pregado. Não se elege o seu candidato e, como minoria, fica o constrangimento de respaldar tudo o que é decidido pelo governo constituído. Desde o abrigo a criminosos ao abraço a déspotas, golpistas, terroristas e outros governantes que tais. Afinal, o posicionamento do governo brasileiro é o posicionamento do povo brasileiro. Será? E eu, como fico? Não fico. E não me venham com o argumento de que há um parlamento que decide. Ora, se eu tenho maioria, ou costuro essa maioria, para que tudo seja aprovado como eu quero, a democracia está sendo usada tão somente como respaldo a um sistema político ditatorial. E ainda pior: com o meu voto. E não adianta chiar. É choro de minoria. Resta a famosa alternativa de que se pode mudar a cada 4 ou 8 anos. Não tenho tanta certeza. E se eu não conseguir eleger o meu candidato? Retorna-se ao ciclo vicioso acima. Na verdade, no regime democrático eleger um candidato significa dar-lhe um papel assinado em branco ou se preferirem um “cheque assinado e não preenchido”. Contraditoriamente, ainda há os casos em que se decide diversa do pensamento da maioria dos brasileiros. Por exemplo: a maioria repudia a corrupção e eles protegem o corrupto. A maioria se manifesta contrária a oficialização do aborto e da união de pessoas do mesmo sexo, e eles aprovam. Resta-me um profundo sentimento de impotência e frustração. Será que não estamos vivendo a pior das ditaduras: aquele referendada pelo voto popular?. Onde estariam as chamadas “salvaguardas” da democracia? Quais seriam, na essência , suas vantagens? E eu, cidadão brasileiro, só tenho um voto: o meu.

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