19 dezembro 2010

Um olhar sobre a situação mundial

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Promoção do bizarro


A crise econômica na Europa tem capítulos cada vez mais turbulentos, o ministro de desenvolvimento sai ferido em uma nova batalha campal entre trabalhadores, aposentados e a polícia nas ruas de Atenas.

Por toda a comunidade européia espalha-se o temor do desemprego e cortes nos direitos sociais, arduamente conquistados através de décadas de lutas. A História do século XX, inclusive depois da segunda guerra mundial, foi caracterizada no velho continente pela presença em grande escala das lutas populares, das conquistas sindicais e dos intensos debates de idéias através dos partidos políticos.

Predominou um ambiente de oxigenação democrática, instituições em geral sólidas. Também o confronto e o equilíbrio global entre dois grandes campos distintos, o socialista e o capitalista, favoreceu o lado ocidental europeu.

O papel do Estado como agente indutor do desenvolvimento, dos direitos individuais e sociais constituiu-se como referência no velho continente.

O confronto de classes atingiu um patamar mais complexo e sofisticado, refletindo-se na intensa produção intelectual, na cultura em geral, com a efervescência da luta de idéias.

No cinema consolidou-se o realismo e neo-realismo italiano, assim como a produção de vanguarda francesa. Foi um momento muito especial para as artes na Europa, mesmo com a persistência retrógrada do franquismo na Espanha, o salazarismo em Portugal e bolsões de autoritarismo a exemplo da Grécia.

Esse ambiente ajudou de várias maneiras aos movimentos de libertação na África, Ásia e América Latina que por sua vez influenciaram a Europa. Assim, durante décadas a solidariedade dos povos da Europa foi muito importante na luta contra as ditaduras e a presença imperial norte-americana no chamado terceiro mundo.

Mesmo nos EUA foi marcante a ebulição de idéias libertárias e humanistas, tanto em relação à realidade interna quanto à visão do norte-americano sobre o panorama internacional.

Dos últimos tempos do século XX ao começo do novo milênio o que há é a resistência nacional e social contra uma agenda global reacionária, um histérico obscurantismo cultural e a promoção do bizarro como informação rotineira.

Daí a importância da atual ascensão dos grandes emergentes, a exemplo do Brasil, como contraponto geopolítico a essa maré conservadora global.

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