27 janeiro 2011

Minha coluna semanal no portal Vermelho

Não basta ser filiado, tem que participar
Luciano Siqueira


De vez em quando o TSE divulga estatísticas sobre filiados a partidos políticos no país. A última dá conta de que o PMDB continua no pódio com mais de dois milhões de inscritos. E há outros considerados grandes, incluindo o PT. O PCdoB se aproxima do porte médio, embora ainda muito distante do que os comunistas desejam.

O tema é relevante sob vários aspectos. A começar pelo fato de que historicamente no Brasil os partidos políticos sempre tiveram dificuldades de se firmar. Os lapsos de prática democrática em pouco mais de um século de vida republicana, curtos e atribulados, jamais ofereceram o ambiente plenamente satisfatório à atividade partidária. Apenas de 1985 em diante – e já se vão vinte e seis anos – nosso frágil sistema democrático dá sinais de relativa estabilidade. Demais, um país de dimensões continentais, marcado por acentuadas disparidades regionais e culturais e ainda muito jovem quanto à sedimentação das classes sociais se constitui, por si mesmo, um desafio à estruturação partidária que não se vê no Uruguai ou em Portugal, por exemplo; nem mesmo em países latino-americanos e europeus maiores, como a Argentina e a Alemanha.

Outra variável certamente importante tem sido a natureza do desenvolvimento capitalista que aqui vicejou, onde a tônica não foi, durante mais de um século, o trabalho formal, que aglutina e organiza, e sim a informalidade que dispersa e desestabiliza.

De toda sorte, cabe saudar como positivas as estatísticas atuais sobre o tamanho dos partidos no Brasil. Mas é preciso acrescentar: não basta ser filiado, é preciso participar. A vida partidária possibilita a tomada de posição sobre o que acontece na aldeia e no país – e, desse modo, contribui decisivamente para a formação de uma consciência social avançada.

O PCdoB, que ostenta a condição de mais antigo partido brasileiro, fundado em 1922 e desde então atuante ininterruptamente, mesmo sob condições de ilegalidade e repressão, luta permanente para dotar suas fileiras de um exercício permanente e estável da vida militante, a partir de suas direções locais e organizações de base. Amealha avanços e insuficiências. No seu 12º. Congresso, realizado no ano passado, aprovou resolução sobre a política de quadros que tem nesta questão uma de suas vertentes essenciais. Quadros para liderar grandes contingentes de militantes de base vinculados à luta do povo.

Que cada partido a seu modo enfrente esse desafio. O vínculo partidário não pode se limitar a assinar a ata de convenções eleitorais, antes há que se constituir no exercício do debate de ideias e na participação ativa na vida social e política local e nacional. Partidos atuantes e lastreados em militância dinâmica são a forma de organização superior do povo e demais segmentos da sociedade.

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