29 janeiro 2011

A prosa poética de Virgínia Barros

Noites sem fim
Por Virginia Barros em seu Blog Entre tantos loucos e livres http://twixar.com/4l3sZEu

Guardo em mim noites sem fim. Poderia sair catando nas esquinas da Rua da Moeda e da Praça do Arsenal pedacinhos de lembranças que falem de gestos, falem de frevo, falem de uma alegria qualquer. Em cada um dos incontáveis detalhes do Bairro do Recife, há um instante crucial de minha vida. Guardo em mim noites sem fim, portanto.

Mas as noites que mais me perseguem nestes dias recentes são as que não consigo catar nessas bandas próximas ao Equador. São essas lembranças que me fazem sentir presa nas pontes do Capibaribe, que sempre me foi liberdade. Se voltar não é possível, resta seguir adiante tentando controlar aquilo que me escapa pelas bordas. Sobre as noites que não têm fim, eu guardo profundidade.

Entre lembranças de toques provocados e olhares desviados, busco pistas de prudência para não me iludir com felicidade de precipitação e risco. Agora, já na noite mais tardia do norte, enxergo qualquer coisa de boniteza naqueles poucos momentos no sul que, de tão ligeiros, ainda fazem minhas horas passarem bem devagarinho, arrastadas pela ansiedade.

Camarada, uma noite não acaba nunca quando já passa das 7 e você não quer ir para casa. Ela continua viva, neste cenário de luzes brandas e músicas invisíveis...

Nenhum comentário: