02 maio 2011

William, Kate e o rebaixamento do papel da mulher na sociedade

O casamento real a serviço do capitalismo
Zanzul Alexandre


No mês de abril passamos por um grande tormento transmitido nos meios de comunicação. O casamento do príncipe Harry da Inglaterra com a “plebéia” Kate Middleton. O que para muitos foi o evento do século, na verdade o capitalismo usou como mais um instrumento para tirar a atenção dos reais fatos conflitantes que envolvem a Inglaterra.

Em primeiro lugar, não podemos deixar de observar a história de vida de Kate Middleton que, desde quando se deu por gente, colou em seu quarto algumas fotos do até então principezinho Harry na parede, com o passar dos anos toda a família deu grande apoio ao conto de fadas, onde uma “plebéia” poderia chegar a ser princesa. E ela, assim como o aumento de 40% nas matrículas de mulheres na faculdade, onde o já jovem príncipe Harry iria se matricular no mesmo ano, tentou tornar seu objetivo de vida, um pouco medíocre, em realidade. Pois num é que ela conseguiu.

Infelizmente para as mulheres que buscam a tratar a questão da emancipação social e querem se firmar no mundo de uma forma igualitária, esse foi um dos mais gestos mais atrasados de submissão e valorização do que hoje não representa a felicidade total da mulher que é o casamento. O que me fez pensar que ela está disposta a tudo para conservar esse casamento, que de nada adiciona a vida e a luta das mulheres por uma condição igualitária.

Outro fator, que a mídia e as demais potências capitalistas aproveitaram nesse momento, com o casamento, foi o fato de tirar o foco das notícias sobre a grande crise, que ainda é persistente, e restringe investimentos em áreas como a previdência social e assistência estudantil universitária, que até então estava mobilizando grande parte dos europeus, outro fator seria a guerra na Líbia que também enfrenta grande resistência por parte da sociedade européia. O que capitalismo e a monarquia também colocam nesse contexto, é que o conto de fadas é possível se você fizer disso seu objetivo de vida, que a monarquia seria uma instituição altamente acessível a todos, sem preconceitos de origem social. Fato inverídico, pois com a crise financeira, a primeira saída foi cortar investimentos públicos que prejudicam a população.

Com o casamento, a mídia e as grandes potências trazem uma falsa sensação de bem estar para a população além de trazer os, já mais que ultrapassados, valores como a exaltação a monarquia e a submissão da mulher com o valor de que o casamento é o único caminho a felicidade feminina.

Um absurdo, tendo em vista que, com esse valor monárquico, o debate sobre a questão mulher como, o fato da mulher encarar a atual realidade de ser mais capacitada e ainda sim receber menos que os homens que ocupariam o mesmo cargo e até mesmo o assédio enfrentado pelos superiores ou mesmo a independência da mulher na questão da união matrimonial, são fatores que interferem muito mais positivamente e concretamente na vida de milhares de mulheres que vivem submissas aos seus casamentos e caladas em seus empregos por medo de perdê-los, do que um casamento real constituído em valores que retrocedem todas essas lutas atuais.

Os antigos valores voltam à tona, e nós mulheres que lutamos para que a questão de gênero seja tratada com respeito, mas uma vez nos sentimos envergonhadas com o objetivo de vida da Kate Middleton que foi o de se casar com um príncipe, e fez de tudo para conseguir e conseguiu.

Agora nos resta esperar uma postura vergonhosa de vida que cercará a vida da agora princesa, uma postura de submissão e dependência, vamos ver até onde esse casamento vai chegar.

Enquanto a guerra na Líbia e a crise financeira da União Européia deixo registrado um recado: não se deixem enganar, outras guerras e crises virão, assim como outros casamentos reais. E a luta do povo não pode parar.

Um comentário:

Heytor Costa Neco disse...

parabéns!!
é sempre interessante perceber que as pessoas ainda percebem o que a mídia tem feito pra nos alienar!!