20 julho 2011

UNE autônoma e combativa X críticos tendenciosos

Os ataques à UNE e o elogio da inconsequência
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Não são criticas, simplesmente; são ataques o que se diz da UNE, na grande mídia, pela lavra de articulistas sempre dispostos a rebaixar o movimento social brasileiro e por algumas vozes oriundas da academia, não raro contaminadas por velhos ranços ideológicos. A cada Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), tentam impingir à entidade a pecha de “chapa branca” por haver contado com o apoio material de instituições governamentais para a realização do evento.

Curiosa essa cantilena, pois só se faz contra a UNE (e também contra centrais sindicais de trabalhadores), e nenhum questionamento se direciona quando semelhante apoio é dado a sindicatos e associações patronais. Muito menos em relação a pesadas verbas publicitárias destinadas aos órgãos de imprensa.

Acusa-se indevidamente a UNE de arriar suas bandeiras mais caras e de reduzir o poder de mobilização dos estudantes. Nada mais falso. Basta anotar que o processo preparatório do Congresso realizado em Goiânia, dias atrás, envolveu cerca de um milhão de estudantes em todo o País, que debateram as teses apresentadas pelas correntes politicas presentes participantes.

O presidente recém-eleito, Daniel Iliescu, líder da chapa Transformar o Sonho em Realidade – encabeçada pela União da Juventude Socialista – obteve consagradora maioria de 75% dos delegados votantes, fruto de uma ampla coalizão, plural e representativa das mais combativas correntes do movimento estudantil universitário – unidas em torno de uma plataforma de lutas avançada, em defesa de um projeto de desenvolvimento nacional que tenha na educação uma dois seus pilares. E renovado compromisso de postura altiva e autônoma do da entidade.

Demais, os críticos da UNE omitem dois dados da realidade: no transcurso do governo Lula, foram muitas, inúmeras, conquistas obtidas pelo movimento estudantil universitário, fruto da legítima pressão e da sensibilidade do governo; e mesmo assim, tendo na presidência da República um aliado, a UNE encabeçou diversas manifestações de rua protestando contra a manutenção da política macroenômica em vigor. E quando do surgimento de denúncias graves de corrupção envolvendo membros do governo, a entidade também foi às ruas exigir a apuração dos fatos e a responsabilização criminal dos envolvidos.

O que não pode, sob hipótese alguma, é a UNE e o movimento estudantil assumirem uma postura “porralouca”, alimentando o protesto cego, estéril e sem sentido.

Os críticos tendenciosos da UNE bem que gostariam – por razões politicas óbvias – que a entidade adotasse o lema “Si hay gobierno, soy contra”, e aderisse ao anarquismo inconsequente.

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