31 agosto 2011

Como enfrentar as ameaças externas sobvre nossa economia?

Um pé na porta contra a recessão
Luciano Siqueira

Para o Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)


Dizer que existe hoje ameaça de recessão em nosso país é certamente um exagero. Mas gato escaldado tem medo de água fria: líderes sindicais condenam as medidas de contenção de gastos anunciadas pelo governo, na última segunda-feira, entendendo que podem reforçar uma pressão externa pela desaceleração da economia.

As medidas estão “na contramão do que as centrais desejavam e o país precisa”, sentencia o metroviário Wagner Gomes, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Isto porque a elevação do superávit primário (a economia que o setor público - União, estados, municípios e empresas estatais – realiza para pagar os juros da dívida interna - reduz a capacidade de investimento produtivo, além de subtrair despesas essenciais com saúde, educação, funcionalismo, melhoria dos serviços e outros benefícios concedidos à população.

Em contraponto, o governo sinaliza com uma redução da taxa real de juros, porém as contrapressões do setor rentista não autorizam nenhum otimismo nessa matéria.

Em números redondos, a meta de superávit será elevada de R$ 117,9 bilhões para R$ 127,7 bilhões, notadamente no governo federal, cuja economia sobe de R$ 81 bilhões para R$ 91 bilhões.

Não é uma conta pequena. Contando os sete meses do exercício em curso, o superávit primário do setor público consolidado chegou a R$ 91,979 bilhões, contra R$ 43,588 bilhões registrados de janeiro a julho de 2010. Isto significa nada menos que 78% da meta para este ano, R$ 117,9 bilhões, assim distribuídos: o superávit da União foi de R$ 66,307 bilhões; o dos governos estaduais R$ 21,711 bilhões e o dos municipais R$ 2,050 bilhões. Já as empresas estatais consignaram R$ 1,911 bilhão.

A divergência entre sindicalistas e governo é parte de uma quebra de braços que tem lugar também no próprio interior do governo, desde os dois mandatos consecutivos do presidente Lula, envolvendo monetaristas versus desenvolvimentistas. A então ministra Dilma sempre esteve nas fileiras dos desenvolvimentistas. E este é um debate que precisa ganhar mais expressão na sociedade.

O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) contribui nesse sentido com uma Nota Técnica cujo teor também se choca com as medidas atuais do governo. Sugere a expansão dos gastos públicos e do crédito para contornar os impactos recessivos da crise global. Ou seja: continuar apostando em nossas potencialidades internas, opção feita por Lula quando eclodiu a atual crise já em 2008.

Lula defendeu a economia nacional com a redução do superávit primário, desoneração fiscal para o setor produtivo e ampliação do crédito, continuidade e ampliação dos investimentos públicos em infraestrutura.

Assim, não se trata apenas de nos prevenir contra pressões externas recessivas. Trata-se, sobretudo, de darmos continuidade ao ciclo de crescimento econômico em curso.
http://www.lucianosiqueira.com.br/

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