25 outubro 2011

Repetição de uma velha tática, agora como farsa

Cartada frágil e sem escrúpulos
Luciano Siqueira

Para o Blog da Revista Algomais

A história não se repete, dizia Marx - a não ser como farsa. Isto no sentido de que a repetição, no caso, surge como algo sem razão nem vigor, simplesmente ocupando o vazio da falta de alternativa.

Quem rever hoje cenas em vídeo ou registradas nos jornais da época a respeito do governo Juscelino Kubistchek há de identificar com clareza cristalina o papel da direita golpista, liderada pela UDN de Carlos Lacerda, que sem proposta nem rumo optava pela tentativa de denegrir o presidente a todo custo, acusando de corrupta a sua gestão.

Udenistas faziam barulho no parlamento, a mídia à direita repercutia através de matérias “escandalosas” e ambos se postavam às portas dos gabinetes militares urdindo o golpe, que afinal veio em abril de 1964. Eram a chamadas “vivandeiras dos quarteis”, furibundas na resistência às reformas de base, bandeiras do movimento democrático e progressista em ascensão.

Hoje não há ambiente para golpe militar. Mas a farsa está a pleno vapor, como resistência às mudanças em curso no País desde a assunção de Lula à presidência da República, em 2003. Cartada frágil e sem escrúpulos.

Valendo-se de fatos reais (em alguns casos) da prática de corrupção envolvendo gente graúda nos três poderes da República, a nova UDN, representada por um núcleo demo-tucano e pela quase unanimidade da grande mídia, faz generalizações sem separar o joio e o trigo. Joga a pecha de corrupto nos que, segundo seus desígnios táticos e prementes interesses, escolhem como alvos a cada momento.

O mecanismo é tão simples quanto odioso. Repórteres obedientes à orientação dos donos dos órgãos de imprensa a que servem produzem matérias plantadas com base em acusações infundadas de algum desqualificado qualquer, denunciando o detentor de cargo público. Reverberada por outros órgãos das diversas mídias, a denúncia ganha aura de “verdade” e se passa a cobrar do acusado o ônus da prova!

Fabricam-se, assim, “escândalos” e “crises” de governo – artificialmente. Repete-se a velha tática da época de JK, agora como farsa rasteira e desbotada.

Exemplo emblemático são as matérias veiculadas pela revista Veja contra o ministro do Esporte, Orlando Silva. O acusador, um sujeito reconhecidamente infrator, alvo de processos movidos justamente pelo Ministério do Esporte por desvio de recursos públicos, agora reconhece que não dispõe de provas que sustentem sua grave e leviana acusação contra o ministro. A revista – e os demais veículos de comunicação empenhados na campanha contra o ministro – não perdem o embalo, e o no maior cinismo mudam o foco, que agora passa a ser o PCdoB, e a natureza da acusação – a absurda afirmação de que os comunistas teriam montado uma rede (sic) de corrupção a partir de sua influência no Ministério do Esporte!

Provas? Nenhuma! Apenas acusações vazias colhidas a fórceps junto a gente inescrupulosa e irresponsável. Mas assim mesmo a campanha toma corpo, temperada com a adesão oportunista de elementos suspostamente de “esquerda”.

O ministro Orlando tem sido um gigante na defesa de sua honra e do seu partido, o PCdoB, que igualmente tem reagido com firmeza e altivez. Resta aguardar o desenlace, que certamente porá por terra a farsa, prevalecendo a verdade.

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