01 novembro 2011

Especulações pré-eleitorais

Pré-candidatura não tira pedaço de ninguém
Luciano Siqueira

Publicado no Blog da Folha

Às vésperas do período pré-eleitoral propriamente dito – que tomará corpo nos primeiros meses de 2012 -, especular não é pecado. E, no terreno das especulações, natural e legítimo que partidos políticos anunciem a pretensão de disputar a cadeira de prefeito sugerindo um ou alguns dos seus quadros.

O caso do Recife é emblemático. A cidade é governada por uma coalizão partidária liderada pelo PT desde 2001, quando se iniciou a primeira gestão do prefeito João Paulo. Há um entendimento tácito de que caberá novamente ao PT indicar um nome que reúna condições de manter unida a coalizão e leva-la à vitória. Pode ser o atual prefeito, João da Costa, ou outro petista – segundo reiteradas declarações públicas de seus próceres.

Ora, o que é tácito está subentendido, implícito – mas não é nenhuma regra pétrea. A política é dinâmica, o cenário do próximo pleito ainda está por se definir. Mais: a essência da questão é a continuidade do projeto político-administrativo em curso, que tanto pode ser liderado por um quadro do PT como de outro partido da Frente Popular – conforme se possa especular livremente.

O PSB põe à mesa o nome do ministro Fernando Bezerra Coelho. O PTB insinua que pode vir a disputar com alternativa própria, caso se configure a opção tática de mais de uma candidatura. Ou seja: pode ser ou não. Na hora das conversações, a partir de janeiro ou fevereiro, há que se ouvirem as razões de cada um, considerar a atualização do projeto comum e tirar as conclusões.

Na sucessão do prefeito João Paulo, em 2008, o PCdoB sustentou o meu nome como hipótese mesmo quando o prefeito já havia indicado seu companheiro de partido, João da Costa. Nosso argumento era de que, nas circunstâncias que se apresentavam, uma solução tática válida poderia vir a ser a adoção de mais de uma candidatura, sem que isso jamais provocasse cizânia ou constrangimento nas relações entre o PCdoB e o PT, entre o vice-prefeito e o prefeito.

Diante do risco de dividir a coalizão e provocar um segundo turno incerto, no quadro que afinal se apresentou, o PCdoB retirou a minha pré-candidatura e incorporou-se ao conjunto que optara pelo nome do atual prefeito.

O fato de se ter, por algum tempo, a especulação em torno do nome do vice-prefeito em contraposição à escolha do prefeito, naquela oportunidade, não tirou pedaço de ninguém. Manteve-se o clima de discussão democrática e mutuamente respeitosa.

E é o que se espera aconteça agora. Antes de uma definição comum, vale especular – inclusive com nomes para a cabeça da chapa majoritária.

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