19 janeiro 2012

Cautela, paciência e flexibilidade só fazem bem

Todos os caminhos podem dar na unidade
Luciano Siqueira

Publicado no Joirnal da Besta Fubana
Nem precisa ir longe, basta uma olhada rápida na multifacética cena política municipal de Pernambuco. Cada lugar tem o seu modus faciendi, o seu tempo e o seu cenário próprio. Mas em todos onde as coisas já caminham para uma definição ou sinalizam nessa direção, a flexibilidade é a tônica – da parte da força hegemônica, da parte dos coprotagonistas.

Vale para as forças que se perfilam na base de sustentação dos governos Eduardo e Dilma, vale para as forças de oposição. Inclusive em municípios onde há, por razões locais, uma mescla de legendas que divergem em plano estadual ou nacional, mas se aglutinam em torno de um projeto comum.

Flexibilidade é obviamente o inverso da rigidez. Comporta a hipótese principal e outras hipóteses, pois seguro morreu de velho e em política nunca se deve trabalhar apenas com uma alternativa, cabe sempre considerar saídas se as coisas não se concretizarem a contento e em tempo hábil.

Não é uma tese, e sim a observação empírica que tem se firmado ao longo dos anos com clareza inequívoca. Mas no meio do caminho da flexibilidade tem um elemento a considerar: a correlação de forças. Considerar as forças em presença e suas potencialidades de evolução – tanto na situação como na oposição -, e a possibilidade de deslocamento de parcelas significativas do eleitorado é imprescindível. O líder do movimento que marcou a História da Humanidade a partir do início do século XX, a Revolução Russa, Lenin, dizia que a alma da política é a tática e a essência da tática está na correlação de forças.

Se assim é, ponto para a combinação da firmeza de propósitos com a flexibilidade tática. Errado pensar, por exemplo, que o caminho para a unidade da Frente Popular no Recife se restringe a uma única e irrecusável vereda. Depende da busca real de entendimento, em tempo hábil. Depende da abertura de todos os atores a ouvir as razões de cada um e considera-las em princípio legítimas. Depende da busca efetiva da união em torno de um projeto político e administrativo atualizado.

O comentário me parece oportuno, ainda que se faça no limbo que é o período pré-carnavalesco, que antecede o momento em que efetivamente os partidos haverão de se reunir para firmarem compromissos e estabelecerem o entendimento. Oportuno inclusive para conferir a todas as conjecturas, mesmo as menos prováveis, a legitimidade decorrente do direito à voz própria de cada partícipe.

Na Frente Popular, a tendência natural é a aglutinação de forças em torno do nome que o PT venha a indicar, mas pode surgir outra alternativa tática. Na oposição, pelo menos pelo que se lê nas folhas, tanto pode se formar um bloco único como um misto de duas ou três candidaturas. Nenhuma das soluções tirará pedaço de ninguém e todas serão submetidas a quem define o resultado final, o eleitor. Logo de primeira ou em dois turnos.

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