21 abril 2012

Mantém a hegemonia quem sabe. E pode

Hegemonia implica irrecusáveis responsabilidades
Luciano Siqueira

Publicado no Blog da Folha e no Portal Vermelho

Na luta política hegemonias se constroem, se conservam ou se perdem. Depende da competência da corrente política que a alcança. Porque nada é simples, a começar da correta compreensão dos múltiplos fatores que numa dada conjuntura propiciam a posição mais saliente em relação a aliados e adversários.

Antes de tudo é preciso entender que a hegemonia não se exerce com referência no próprio umbigo. Nem nos limites estéreis da estreiteza e do sectarismo. Quanto mais ampla e plural a conjugação de forças, mais consistente e respeitada a hegemonia. A satisfação desmedida dos próprios interesses em detrimento do conjunto coligado é o atalho mais fácil ao auto isolamento, cuja resultante inevitável, em médio prazo, é a perda da hegemonia conquistada.

Essa digressão faz sentido neste instante da cena política em que se aproximam da reta final – as convenções partidárias de junho – as démarches destinadas a celebrar ou desfazer alianças tendo como fulcro a composição de chapas majoritárias e, de modo acessório, mas igualmente importante, a montagem das chapas proporcionais. O partido que tem em certa medida as rédeas do processo – nos casos em que um deles detém a hegemonia no conjunto da coalizão – há que assumir responsabilidades irrecusáveis.

Para se credenciar à liderança de uma empreitada que se pretende vitoriosa, o partido hegemônico há que se apresentar unido, coeso, tendo às mãos uma proposta programática e tática passível de aceitação pelos aliados. A divisão interna, quando ocorre, reclama solução adequada e em tempo hábil, sob pena de gerar inseguranças e desencontros de tal monta que possam ameaçar o resultado final da peleja.

Demais, cumpre observar que os parceiros, cada um a seu modo, são detentores de propostas e intenções a serem consideradas quando da finalização das tratativas. Ainda que o tempo hábil tenha sido porventura encurtado, atenção redobrada a essa variável é necessária para evitar dissenções que enfraqueçam a capacidade combativa em favor do projeto comum.

Registra-se um caso emblemático em um dos municípios mais importantes de Pernambuco, pouco mais de uma década atrás, em que o líder da coligação posta imaginando-se suficientemente fortalecido para dispensar apoios supostamente desprezíveis, chegou a aconselhar um aliado a disputar isoladamente. Isto feito, a derrota se deu pelos exatos votos obtidos pelo aliado recusado!

Também emblemáticas são as disputas em que o acirramento de contradições intestinas concorreu decisivamente para a vitória do adversário, que terminou beneficiado pelos reflexos, no eleitorado, da desunião do oponente.

São lições da vida – que aprende quem quer. E pode.

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