23 maio 2012

Tudo tem hora e na política todo cuidado é pouco

A variável tempo nas decisões políticas
Luciano Siqueira*


Há tempo para tudo, mas é preciso agir no tempo certo. Essa obviedade, comprovada ao longo da História, nem sempre é levada na devida conta nas pelejas cotidianas. Daí se cometer equívocos que terminam modificando o cenário político, complicando-o.

Ora, se na primeira revolução socialista da História – a conquista do poder pelos bolcheviques na Rússia – a escolha do momento certo para a tomada do Palácio do Inverno implicou acirrada polêmica, vencida pela genialidade de Lenin, nada mais lícito imaginar que nas batalhas locais, conforme as travamos neste instante em todo o País, mirando Prefeituras e câmaras Municipais, igual discernimento se impõe.

Estamos a cerca de quarenta dias do prazo final para a realização das convenções partidárias, que podem ir até 30 de junho. Muito tempo? Sim e não, depende da situação concreta. Quando as coisas caminham sob céu de brigadeiro, não há razão para açodamento. Mas há risco de tempestade, não é tanto tempo assim.

Há lugares onde numa determinada conjugação de forças um partido se sobressai como hegemônico. Os demais respeitam essa condição e aguardam a apresentação de propostas destinadas ao imprescindível consenso em torno de plataforma programática e composição de chapas majoritária e proporcionais. Mas não por tempo indeterminado, pois aí já não seria razoável.

Cada partido tem seu próprio modo de ser e de agir, conforme o artigo 8 da Constituição. Quando envolto em discrepâncias e disputas internas, lança mão do instrumental que lhe conferem os Estatutos. Aos demais cabe assimilar essa contingência. Isto não quer dizer, entretanto, submissão às conveniências do aliado. Todos têm interesses próprios – naturais, legítimos – e se guiam por um roteiro próprio, dimensionado no tempo e no espaço.

Em síntese, quanto mais ampla se deseja a coligação partidária mais necessário se faz evitar constrangimentos de última hora. Sob pena de dissenções irrevogáveis que podem afetar, adiante, as possibilidades de vitória.

Entre o início das conversações e a conformação dos acordos a serem referendados pelas convenções de junho há todo um debate acerca de projeto de governo e dos arranjos sobre a disputa proporcional que exigem clareza, bom senso, paciência e espírito público.

Vale sobretudo para as capitais e cidades grandes e médias, que acentuam no pleito municipal a condição de ante sala das eleições gerais de 2014 e onde todas as correntes políticas enxergam a possibilidade de acúmulo de forças. 

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