12 agosto 2012

Nossa força, nossa voz

No Vermelho:
UNE: 75 anos de luta pela educação
A União Nacional dos Estudantes (UNE) comemora nesse sábado (11) 75 anos de lutas. A cerimônia de aniversário nesse sábado (11) tem como principal marca o lançamento da pedra fundamental de sua sede na Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, demolida em 1980 no governo do ditador João Baptista Figueiredo.
. O atual presidente, Daniel Iliescu, falou à Caros Amigos da história, das lutas e conquistas atuais e do que significa a retomada do espaço tradicional, palco de efervescência política e cultural e do surgimento de grandes artistas e movimentos.
. Caros Amigos: É possível traçar algum paralelo entre a UNE de outros tempos, como nos anos 1960, em termos de representatividade e peso político?
. Daniel Iliescu: Sim. Primeiramente, antes do paralelo com a geração dos anos 1960, acho que convém dizer que a UNE tem um significado de expressão não só dos estudantes, mas de alguma forma da juventude brasileiro; em vários momentos dessa história de 75 anos foi de muita integridade, de muita efervescência e conseguiu influenciar o debate político do país. Então, acho que o primeiro paralelo a se fazer, não só com a geração dos anos 1960, mas de várias gerações de jovens que ajudaram a construir essa entidade, que fez com que a UNE tivesse esse peso político, simbólico, cultural que tem é essa característica de pautar o debate nacional sempre com uma perspectiva ousada, jovem. Com a geração dos anos 1960 em especial, o mundo é muito diferente, o Brasil é muito diferente. Naquele momento havia um polarização entre socialismo e capitalismo, Guerra Fria, e o Brasil vivia no início da década de 1960 muito virtuoso, de muita efervescência política e cultural no Brasil, impulsionado pelo governo João Goulart, o Cinema Novo, enfim, várias expressões culturais e políticas que moldavam aquela geração, mas que foi violentada com o golpe civil-militar, respaldado por parte da sociedade, que podou as possibilidades que essa geração tinha, não só a geração que estava na UNE ou no movimento estudantil, mas uma geração que estava à frente do país através da cultura, da política, da educação, pensando em desenvolver o país. E talvez o mais difícil saldo da ditadura, além dos desaparecidos, dos mortos, das vidas humanas, foi ter alijado uma geração da possibilidade de ter ajudado o país naquele momento.

. Em termos de representatividade, de atuação política, normalmente a gente se vê pautado por uma opinião que eu acho que é uma armadilha, conservadora, de subestimar as nossas gerações atuais e deixam a entender que nossa geração deixa a dever para outras gerações, como a dos anos 1960, muito obstinada, combativa, muito generosa, que doou a própria vida. Porque em primeiro lugar àquela altura, 1%o dos brasileiros jovens entre 18 e 24 anos era universitário. A UNE tinha o 'Auto dos 99', produção do Centro Popular de Cultura (de autoria de Oduvaldo Viana Filho, Armando Costa, Carlos Estevam Martins, Cecil Thiré e Marco Aurélio Garcia), que fazia referência aos 99% que estavam fora da universidade. Hoje, a gente ainda tem um índice muito pequeno perto da necessidade do país, mas muito maios do que a gente tinha, de 14%, são seis milhões de pessoas e cujo perfil social é mais popular, porque se teve uma ampliação do acesso e em muito se dá pela inclusão de trabalhadores, de renda mais baixa.
. No último congresso, a gente chegou a 97% das universidades do país, o que dá uma dimensão da capilaridade que esse movimento tem. Não há outra entidade da sociedade brasileira que sejam tão antigas e que ao mesmo tempo sejam tão atuais, tão jovens. Esse que é o principal patrimônio da UNE, a capacidade de renovação e essa vida que é capilarizada, você chega em cada lugarzinho do Brasil que eu pude visitar, tem uma galera disposta a, entre aspas, 'matar ou morrer', que entende a UNE, que entendem que têm que participar da nossa luta cotidiana hoje. Então, a gente tem avançado em representatividade, em alcance, até porque a vida do país hoje é mais democrática e tem melhores condições para fazer isso.

. Leia a entrevista na íntegra  http://twixar.com/103

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