22 fevereiro 2013

A palavra instigante de Jomard

A POETICIDADE em O S0M AO REDOR
Jomard Muniz de Britto, jmb

Por que tudo tem de ser e estar em regime
de comparação? Sabemos que apenas anjos
são capazes de intuir, saber e fruir 
diretamente: sem redes comparativas.
E teimamos em não ouvi-los ao redor.
Se o nada desaparecer, a poesia acaba.
Porém o que forma a imagem poética NÃO
é o ver, mas o TRANSVER.
Recomeço sublinhando o poetArcanjo Manoel
de Barros pelos arredores do mundo.
Tentando ir além dos malabares tão
jornalisticamente acadêmicos ao comparar
o novo com o que se tornou herança.
A palavra TRANSVER é nossa bússola, imã,
roteiro para escapar da ótica de citações.
Mais valeria a poeticidade enquanto
"irradiação do abissal", desde que anjos
e demônios nos envolvam em perversas
configurações de imagens e sonoridades. 
Interpenetrações dos Freyre e Buarque de
Holanda pelo não (re)citado Evaldo Cabral
de Melo pela duração do escravismo colonial.
Todos irradiando abismos.
Todos ignorando hipóteses antirretóricas.
O SOM AO REDOR transfigura As Flores do
Mal, sem literaturas provinciais ou 
antropologias ainda sublimadoras.
Precisamos não apenas citar, mas apreender
com Luis Costa Lima, tão perto longe de nós:
..."As Flores do Mal manifestam que a poesia
deixara de se confundir com uma comunicação
branda e reconfortante, com um elemento 
reequilibrador da dureza ou da monotonia 
cotidiana, para se converter em meio de 
contato com o lado abissal da vida." (p.231
de A Ficção e o Poema).
Cada leitor, espectador, coautor de
O SOM AO REDOR pode experienciar 
um conjunto de situações-limite .
Meteoritos do patriarcalismo.
Tardias miscigenações da Casa Grande.
Contra as mitomanias do miserabilismo.
Metáforas talvez lacaninas: inédito Lacan
na intersemiótica do cachorro ensurdecedor
aos cães de guarda de nosso capitalismo
que vai desaguar no mar de tubarões e...
cúmplices ilustríssimos da cinefilia.
Outras Flores do Mal e até do bem querer 
para Emilie Lescaux e Kleber Mendonça Filho.
O SOM AO REDOR será sempre outra coisa.
Outras flores errantes de Baudelaire na 
substantiva contemporaneidade.
Recife, fevereiro/março de 2013.
atentadospoeticos@yahoo.com.br

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