14 fevereiro 2013

Manobra tática evidente

Dividir para aventurar
Luciano Siqueira

Publicado no Blog da Folha

O fato é recorrente, aqui e alhures e em todas as dimensões da política nacional. Numa correlação de forças escancaradamente adversa, e em vias de se dá nova disputa, quem está por baixo tudo faz para espandongar as hostes adversárias, superiores, nem que seja atraindo para a aventura uma das suas facções e se posicionando sob a sua liderança.

Ao primeiro sinal de hipotética dissidência, alvissaras!, quem sabe se abra a brecha tão desejada. Difícil? Sim, porém mais difícil ainda é permanecer como está – sem eira nem beira; sem projeto, sem discurso, sem rumo.

Passado o carnaval, a antecipação do debate sucessório presidencial tende a ganhar velocidade exagerada, em descompasso com vida real. PSDB, DEM e PPS, mais a oposição midiática que lhes dá a pauta e o ritmo, pelejarão diuturnamente em duas trincheiras: atrapalhando e pondo gosto ruim no desempenho da economia; e acenando a plenos pulmões a quem admita se desgarrar da chamada “base aliada”.

A presidenta Dilma e as forças que lhe dão sustentação, por seu turno, se esforçarão por colher os frutos das decisões ousadas que vem tomando pela superação da orientação macroeconômica herdada da chamada era FHC e persistindo no esforço de imprimir ao crescimento econômico a dimensão e a sustentabilidade necessárias.

Temos, portanto, o embate entre dos campos e duas linhas de ação: o campo governista empenhado em unir, fazer o país crescer, promover a inclusão social e a melhoria das condições de vida de contingentes cada vez mais amplos, afirmando a soberania, a democracia e a autoridade sobre o sistema financeiro; e o campo oposicionista, cuidando a todo custo de dividir o campo oponente, dificultar o alargamento das atividades econômicas, negar as conquistas alcançadas pelo País e pelo povo, reverberar queixas e intenções do capital financeiro.

Cabe observar como o comportamento de quem decidirá em outubro de 2014: o eleitorado, cujas escolhas se fazem a cada pleito mais e mais sensíveis ao estado da arte na economia e ao grau de satisfação das necessidades fundamentais da maioria.

Claro que a política conduz o processo, mas é igualmente claro que a vontade subjetiva dos atores presentes na cena há de ter um mínimo de consonância com a realidade social objetiva. Aí está a força dos que governam o País neste instante e a fragilidade dos que desejam dividir, alcançar o poder e promover a regressão.

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