10 fevereiro 2013

Tempos contraditórios

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Civilização do desalento

Existem dois tipos de indivíduos que vivem sob as condições da nova ordem global neoliberal hegemônica desde a década de noventa passada e assim seguindo nesses primeiros treze anos do novo milênio.

Aqueles que por razões econômicas, ideológicas, políticas, sentem-se contemplados e as grandes maiorias do planeta atordoadas pelos múltiplos fenômenos que atingem com violência os seus cotidianos.

São fenômenos resultantes das políticas impostas às nações através da oficiosa governança global, a nova etapa de acumulação do capital financeiro mundial, produzindo um tipo de civilização regressiva à época do fascismo derrotado ao fim da Segunda Guerra Mundial.

Assim, é importante procurarmos entender essa contemporaneidade, combinado ao permanente combate contra as políticas neoliberais, às denúncias das incursões armadas do complexo imperial contra os povos, especialmente o anglo-americano, acobertadas pela mídia hegemônica ligada a esses interesses.

Ou então não será possível compreender a sensação geral de “sofrimento e dor associados ao desalento” que atinge as sociedades que anseiam atônitas por algum outro tipo de civilização, onde milhões procuram socorro espiritual em dezenas de instituições religiosas eletrônicas.

São agressivos os mecanismos de controle social através da revolução eletrônica-cibernética, a criminalização das difusas manifestações de inconformismo das massas, as restrições das garantias individuais, tidas como “inevitáveis ao crescimento populacional”, na verdade resultantes de uma crise sistêmica, gerando o “vazio das subjetividades sociais”.

A concessão de existir em troca do pleno direito de viver, frase de Chico Buarque, tornou-se, de novo, sentença viva. Proliferam leis, regras de todos os tipos, estéticas, comportamentais, e os indivíduos vivem na iminência da penalização, que vão num crescendo porque esse tipo de civilização é manancial inesgotável de males.

Cidadãos forçados a padrões de consumo inatingíveis, desapropriados de valores humanistas, instados à lei da selva, hipocondrias, fobias, narcisismos, sob uma ordem desigual onde os responsabilizados não são os seus mentores.

Os fundamentos da globalização neoliberal permeiam tanto os regimes conservadores quanto governos socialmente mais democráticos como no Brasil. Um dos grandes desafios da atualidade será encontrar os caminhos para suplantá-los.

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