20 março 2013

A vida ensina

Dilma e a consciência popular
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Faça o teste. Vá ali ao boteco da esquina, onde se conversa sobre futebol e amenidades várias, e tente puxar uma discussão sobre a redução da taxa básica de juros como fator de superação dos condicionantes macroeconômicos herdados da era FHC e de geração de um ambiente favorável aos investimentos produtivos no País. Ninguém vai topar a parada e ainda haverá quem o acuse de pedante ou de falar grego.

Outro teste. No mesmo ambiente, questione se Lula fez certo ou errado ao antecipar que a presidenta Dilma deve se candidatar à reeleição e se com essa atitude ele atrapalha a obra de governo. Um ou outro pode até arriscar um palpite, logo retornando, entretanto, aos lances do último Sport x Náutico ou as crises do Flamengo e Vaco da Gama no Rio de Janeiro ou às deliciosas anedotas do gordinho sempre pronto a contar mais uma.

Agora, assim como quem fala de algo trivial, procure saber se a turma está otimista sobre o presente e o futuro do Brasil. Certamente você recolherá opiniões animadas, partindo de gente que tem melhorado sua condição de vida – aqueles segmentos que os critérios mercadológicos classificam como C, D e E. Ou seja, o pessoal que, aos milhões, experimenta o ingresso no mundo do trabalho e na esfera do consumo, nos governos Lula a Dilma.

Aí está a razão dos elevados índices de aprovação alcançados por Dilma na pesquisa CNI/Ibope, divulgada recentemente. Isto apesar incessante bombardeio que a presidenta tem enfrentado, partindo da grande mídia e dos partidos de oposição, insatisfeitos com a quebra de braço que ela enfrenta com o sistema financeiro, o saneamento da Petrobrás, do Banco do Nordeste e outras medidas que, no conjunto, apontam para o destravamento do crescimento do País.

É que mesmo setores importantes da indústria desejam um ambiente favorável aos investimentos, mas nem tanto. Atuam com um olho na reza e o outro no padre. Também aferem lucros financeiros vultosos operando no setor rentista.

Essa turma se queixa de suposta imprevisibilidade da presidenta, que anuncia medidas drásticas sem acordo prévio (sic) e que o PIB de 2012 esteve bem abaixo do desejável e quejandos. Tudo faz para construir alternativas eleitorais que possam borrar a luta sucessória e abrir espaço para tucanos e aliados, carentes de rumo, porém eternos conspiradores do caos e da incerteza.

O fato é que 79% dos brasileiros apoiam a presidenta e 63% consideram o governo bom ou ótimo. Isto quer dizer que a turma do boteco, a dona de casa, o trabalhador do chão da fábrica, o assalariado que sai de casa cedinho para pegar no serviço, o pequeno comerciante que vê seu negócio prosperar e gente do tipo – a maioria dos brasileiros – continua mais sensível ao bolso e ao que tem à mesa do que às falácias e a diatribes veiculadas diariamente. E que as oposições, se pretendem disputar pra valer, terão que fazer uma crítica consistente e fundamentada da orientação atual do governo, ao invés do jogo de palavras em torno do factual e fragmentado – uma dificuldade, convenhamos, difícil de superar.

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