30 março 2013

Embuste ideológico

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Os sentidos do multiculturalismo


Durante o auge da doutrina neoliberal na década de noventa, Francis Fukuyama, teórico oficial da Nova Ordem mundial recém-imposta aos povos, profetizava, com a soberba típica dos poderosos, que a História tinha acabado.

A tradução literal de tamanho disparate era a falsa conclusão de que haviam desaparecido as contradições antagônicas entre as classes sociais e de quebra extinguia-se também a existência de uma potência militar imperialista e o seu papel agressor contra os Países no planeta.

Mais que uma constatação propositalmente errônea, era a conclamação aos trabalhadores e demais camadas assalariadas e às nações que lutavam por um lugar ao sol, à mais óbvia capitulação da luta social emancipadora e da soberania nacional.

A vida demonstrou exatamente o contrário, jamais a humanidade presenciou em qualquer outra etapa da História do capitalismo uma exploração de classes com a brutalidade que assistimos nos tempos atuais e em nenhuma outra época o imperialismo, no caso o norte-americano, promoveu, com tanta impunidade, genocídios, guerras de agressão, espalhando o terror, a morte pelos continentes.

O capital financeiro desencadeou a mais violenta espoliação do mundo do trabalho gestando um modelo de civilização selvagem, da barbárie, destruindo sem o menor pudor os mais elevados valores construídos pela humanidade.

Acobertados por uma mídia hegemonizada em escala global e em cada País, o capital financeiro, os Estados Unidos da América, trataram de impor aos assalariados, às nações, a sua própria agenda, o multiculturalismo.

Cujo sentido é fomentar a ideia de que já não se trata de priorizar a luta pela soberania nacional e a emancipação social, substituindo-as por causas fragmentárias, setoriais, algumas auto justificáveis, com o intuito de sustar a construção de projetos estratégicos de autonomia dos Países, promover o diversionismo, fragilizar a luta pela emancipação do mundo do trabalho.

A demonização de Hugo Chávez, da luta do povo venezuelano, tem essa marca de um “mau exemplo” aos povos latino-americanos porque ali se forjou uma unidade popular e um forte sentimento de luta pela soberania dessa nação sul-americana.

Sem os quais, inclusive no Brasil, os avanços serão passíveis de retrocesso, a consciência política esmaecida, a mobilização popular precária, a hegemonia conquistada incompleta, efêmera, temporária.

Nenhum comentário: