31 maio 2013

A palavra instigante de Jomard

POESIA tem NOME ou FOME?
Jomard Muniz de Britto, jmb

 
Ninguém sabe quem seja esta senhora ou
senhorinha tão fogosa e fulgurante.

Ninguém sabe o que ela quer de nós.
Fêmea tão Safo e Surfistinha. Quem?
Entrelugares da sensualidade. Quando?
Ninguém decifra seus enigmas e paradoxos.
Mas alguém consegue ser cúmplice
dessa intérprete mais Pandora.
Porque busca teorizar seus repentes.
Cordelista dos sertões aos maremotos.
Ninguém traduz condições de possibilidade
de sua eterna e carente modernidade.
Além dos modernismos de outrora no agora.
Seria o pós-tudo de nós, contemporâneos?
Ela se pergunta e não ousamos replicá-la.
Ninguém é de ninguém, mesmo dela.
Descompasso de cânones.
Desatino dos fundamentalistas.
Desmanche de tardios romantismos.
Alguém imagina moça tão abusada,
mal comportada em qualquer Academia?
Ela continua preferindo a memória das
pedras, arrecifes e buracos do mundo
transfigurados por Iezu Kaeru.
Ninguém reinventou seus nomadismos.
Arrebentando torturas inimagináveis.
Outros interpenetraram seus cortes
ais do que epistemológicos. E cruéis.
Ninguém viajou no azul quanto ela
perseguindo Carlos Pena Filho.
Alguém experimentou a mais grave sordidez
fora e dentro da máquina do mundo.
Angélica Freitas e Amador Ribeiro Neto
percorreram nomes tentando saciar
sua fome rilkeana e transconcreta.
Ninguém intercalou jogos de linguagem
nos labirintos da poeticidade em FEBRE
TERÇÃ por Fernando da Rocha Peres.
Ninguém se aproximou tanto da ira de
morrer e da alegria sem provar nonada.
Alguém poderia interromper o circuito
das interrogações: Poesia? Poema?
Poiesis? Poemações ? 
Signos e signagens por tudo mais raro.

Junho, Recife em fogueiras 2013.
atentadospoeticos@yahoo.com.br 

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