22 maio 2013

O jogo duro da economia

Por que negar os bons presságios?
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Qualquer que seja a intenção de quem se debruce sobre a realidade há que considera-la em sua inteireza, sem preconceitos nem parcialidades. Caso dos indicadores de desempenho da economia brasileira neste instante em que há uma profunda correlação entre índices pesquisados e formação do cenário das eleições gerais de 2014. Nem os governistas podem achar que tudo vai bem, obrigado; nem os oposicionistas podem fechar os olhos a dados que contrariem suas expectativas.

A lógica das oposições – reverberada pela grande mídia – parte do pressuposto de que o Brasil tem que dá errado; logo, é lícito torcer para que dê errado mesmo. E como a palavra é livre e papel aceita tudo, faz-se uma verdadeira cruzada contra todo e qualquer indicador que aponte para o reaquecimento das atividades econômicas. Não pode acontecer, aos olhos dos oposicionistas – porque reforça as possibilidades de uma reeleição da presidenta Dilma. E o povo? Bem, aí já é um detalhe que para quem raciocina assim vale pouco.

É o que ocorre agora, quando o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) alcança o crescimento de 1,05% indica que a atividade econômica está se expandindo à taxa considerada satisfatória pelo governo. Isto porque, na avaliação do ministro Guido Mantega, da Fazenda, pode significar um crescimento do PIB em torno de 4% este ano.

Alguém pode objetar que o ministro tem o dever institucional de se apresentar sempre otimista. Nem tanto. Ele tem sim, sobretudo, o dever de expressar com nitidez a verdade dos fatos – à luz da análise dele e de sua equipe. E nada indica que Mantega venha adotando uma atitude ligeira e inconsequente em suas opiniões sobre o tema. Inclusive quando assevera – no que está certo – que o reaquecimento das atividades econômicas de agora, ainda no terreno das previsões, mas com boa dose de veracidade, acontece capitaneado pelo investimento, seguido pela indústria, e não apenas pelo consumo.

E ele faz essas afirmações tendo o cuidado de acrescentar a ressalva de que ainda é preciso aguardar os dados oficiais do IBGE, a serem divulgados até o final do mês.

Vale valorizar o comentário de Mantega. O IBC-Br cresceu 0,72% em março, na comparação com fevereiro (indicador ajustado para o período), após a queda de 0,36% registrada em fevereiro em relação a janeiro.

O IBC-Br é uma ferramenta de análise e previsão do desempenho da atividade econômica brasileira e considera informações sobre os três setores da economia – a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos sobre produtos, que são estimados a partir da evolução da oferta total (produção+importações). Foi criado pelo Banco Central para prospectar a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) e ajudar a autoridade monetária na definição da taxa básica de juros (Selic).

Ora, se é um bom prenúncio, por que escondê-lo ou negá-lo? A dificuldade das oposições há que enfrentar sim, de modo irrecusável, o conteúdo essencial das políticas públicas vigentes e apresentar alternativas, se as tiver.

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