15 maio 2013

Um dado novo a levar em conta

A quem interessa a deflação?
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Inaldo Sampaio

Surge um dado novo, que vinha sendo aguardado por analistas isentos, como contraponto às pressões pela alta dos juros em nome do combate à inflação. Os preços declinantes dos alimentos, no atacado e no varejo, começam a atuar como  de contenção inflacionária, conforme se verifica na primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que passou de 0,42% para 0,03% entre abril e maio.

Constata-se a deflação nos preços dos alimentos in natura (de 7,88% para -3,80%) no atacado, no período analisado. Isso porque, após fortes elevações no primeiro trimestre, causadas por oferta menor originada de problemas climáticos, os preços no segmento estão mostrando quedas e desacelerações, beneficiados por regularização da oferta, segundo avaliação de técnicos da Fundação Getúlio Vargas.

Boa notícia? Sim, para a maioria dos brasileiros – que vive do próprio trabalho, penando no dia a dia para pagar suas contas. Também para o empresariado que aposta e depende da produção, do mercado e da estabilidade monetária.

Não é boa notícia para os que lucram com a inflação – ou, melhor dizendo, para os que fazem do fantasma da inflação argumento em favor do retorno à política de juros altos e que comemoraram a vitória parcial obtida na última reunião do Conselho de Política Monetária, que voltou a elevar a taxa Selic. Estes - do setor rentista, principal adversário do povo brasileiro -, resistem aos esforços do governo em favor do destravamento da economia, que inclui, dentre outras medidas, a redução gradativa dos juros e a superação do câmbio sobrevalorizado.

Então, quando se prevê possibilidade de os alimentos no varejo terminarem o mês em deflação, no resultado completo do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de maio, a turma que alardeia todos os dias que o governo perdeu o controle da situação e que a pressão inflacionária é incontornável, fica na espreita, torcendo contra. Porque além de instrumento de luta no campo da macroeconomia, a questão está alçada a primeiro plano na tentativa de gerar um ambiente econômico e social negativo no momento das eleições gerais do ano vindouro.

O desempenho da economia é chave no desenho do futuro quadro eleitoral – e o controle ou descontrole da inflação emerge como variável importante nesse sentido. Daí o destaque dado à escassez do tomate, semanas atrás, em colunas especializadas e até em charges destinadas a correr a confiança no governo.

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