08 maio 2013

Um passo adiante das especulações

Por que não debater questões substantivas?
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
 
A bem da verdade há que se reconhecer que toda a pendenga em torno das eleições presidenciais vindouras não passou, até agora, dos ensaios de alianças e da busca de espaços por onde se possam construir alternativas à possível candidatura da presidenta Dilma. Nada de errado nisso. Na política, como na vida em geral, cada um dá o que tem. Ou oferece o que tem na hora que julga oportuno.

Entretanto, ainda que se considere o tempo ainda largo daqui até as convenções partidárias (que devem acontecer em junho de 2014), bem que se poderia arranhar conteúdos pelo menos aproximados do que podemos entender como projetos de nação. Isto porque apenas lamentações em torno disso ou daquilo, insinuações e que tais podem alimentar a mídia sequiosa do contraditório e em busca de algo novo que possa, digamos, dar cores novas a uma desejada disputa. Mas nada acrescenta.

Daí porque conjecturas em torno de quem pode vir a apoiar quem carecem de substância justamente porque falta esclarecer motivações reais para que se concretizem acordos, inclusive aqueles que se desenham de certo modo esdrúxulos porque pautados entre correntes políticas tão díspares quanto distantes entre si quando se põem à mesa questões de fundo sobre os rumos do País.

Ora, no Brasil eleição presidencial historicamente implica tensão, instabilidade e luta acirrada. Hoje, como o desempenho da economia não é o desejado e a presidenta Dilma enfrenta quebra de braços com o sistema financeiro, setores importantes da própria indústria, que desejavam a queda da taxa básica de juros apenas até certo ponto (porque também lucram na ciranda financeira) se sentem inseguros ou contrariados e buscam alternativas que lhes acenem com algo menos ousado ou arriscado. Daí o incentivo a dissidências no campo governista e a pressão para que o senador Aécio Neves, do PSDB, assuma com clareza sua postulação. Aos olhos de parte importante do PIB nacional chegou a hora de por em discussão propostas, particularmente em relação ao grau de ruptura (ou acomodamento) em relação aos fundamentos macroeconômicos herdados da chamada Era FHC, quando a financeirização da economia favorecia em regra o setor rentista que hoje se vê contrariado e se assanha na esfera política.

Melhor será, nessas circunstâncias, dar menos atenção ao jogo de cena em torno de hipotéticas alianças e provocar o debate sobre os rumos da economia e da inserção do Brasil na cena internacional. Já que o debate eleitoral se faz antecipado (sic), quem quiser se estabelecer que mostre competência e entre na roda quem tiver a fim de aprofundar o exame da realidade concreta e opinar sobre os desafios imediatos e futuros do desenvolvimento do País.
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