21 agosto 2013

Microeconomia dinâmica

Vitalidade da "nova classe média"
Luciano Siqueira

Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)

Uma pergunta recorrente alimenta o debate acerca dos rumos de nossa economia: é possível manter o crescimento, com inclusão social e à base da expansão do consumo, ainda que a taxas modestas?

Há respostas de teor otimista e pessimista, ao gosto do analista - mas não se chega a uma conclusão consistente sem encarar os entraves de natureza estrutural que obstaculizam o desenvolvimento do País. O buraco é bem mais embaixo, como se costuma dizer. Envolve a alteração dos condicionantes macroeconômicos herdados da era neoliberal, ajustando-se a política cambial e monetária - o que não tem sido fácil, vide a truculenta oposição partidária e midiática que ataca diuturnamente a presidenta Dilma porque tem tentado desatar esse nó. 

Hoje, mostra-se evidente que a orientação macroeconômica vigente impossibilita a capacidade de o país alcançar rapidamente um nível de 25% na relação investimento/PIB – o que impede a consecução de uma política agressiva de crescimento econômico pautado pelos investimentos produtivos, estes pressionados ainda pela lógica do capital rentista de curto prazo.

Entretanto, merece atenção estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) acerca da chamada "nova classe média", indicativo de sustentabilidade da expansão desse segmento registrada na década iniciada com o primeiro governo Lula.

Há dados no mínimo instigantes. Por exemplo, o lucro dos pequenos negócios, no conjunto do País, cresceu 27% em dez anos, verificando-se aumento do ganho de R$ 1.710 para R$ 2.172 mensais. Com um adendo importante, segundo o presidente do Ipea, Marcelo Neri: considerando a variável educação, constata-se que melhorou muito a qualidade dos empreendimentos e também a capacidade dos empreendedores.

Vale examinar a terceira edição do caderno Vozes da Nova Classe Média, onde se encontram esses dados – que, por seu turno, se combinam com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2011.  

O citado Caderno demonstra que os pequenos empreendedores geram uma massa de remuneração que supera R$ 500 bilhões, correspondentes a 39% do volume total da renda do País, superior ao PIB de diversos países, como o Chile.

Em suma, há uma microeconomia em evolução, com vigor nada desprezível, que alimenta a sustentabilidade do modo de crescimento inclusivo, a despeito das pressões externas que contribuem, em muito, para represar o ritmo das atividades econômicas em geral.

Isto tem implicações econômicas e sociais obvias. E também políticas, pois trata-se de um segmento emergente, detentor de expectativas e reivindicações próprias.

Nenhum comentário: