11 agosto 2013

O mundo, em conflito, gira

Guerra Fria
Nilson Vellazquez, no Blog Verbalize http://versosdopovo.blogspot.com.br


No começo era tudo explosão, era Hiroshima e Nagasaki, radioatividade de corpos, cheiros e paladar que causam efeitos de décadas. Mas também era doce, era do céu e era do inferno. Esse ataque produziu efeitos geopolíticos graves, mudanças de relações diplomáticas, abalo nas transações comerciais. E enfim, teu país se fechou ao meu exército.

Meu exército, frágil qual minha fronteira; tua fronteira, frágil qual teu comando. Meu exército, sempre voltado para teu território, de armas na mão e tentando se proteger do inesperado. Tua fronteira, fechada, artificialmente protegida, com palavras secas e olhares distantes, mas com uma brecha de esperança por paz mundial. E assim, seguia-se a diplomacia. Um frágil muro de Berlim, que sempre poderia ser violado e a eterna tensão das Coreias.

Meus mísseis sempre voltados ao coração do teu país, buscando atingir em cheio o que o faz funcionar, mas teus bombardeios produzindo chamas incontroláveis. Chefes de Estado que se cumprimentam, num frio apertar de mãos. Eterna Guerra Fria.

Nessa Guerra Fria, todas as armas guardadas e todas as armas empunhadas, bombas de efeito imoral, baixa de proteção. Nessa Guerra Fria, sopros gelados no ouvido, soldados que sussurram pedindo morfina, pedindo, mais uma vez, a sensação de prazer por andar no breu, de sentir o gosto de mel e canela. Nessa guerra fria, só há o gosto amargo da negação, de países que nunca encontrarão a paz. Ataque e defesa eternamente postas, eternamente em alerta. Nessa Guerra Fria, vencedores não há; apenas a sensação de ludibriar a defesa alheia, de roubar o petróleo de sua terra, de usurpar seu poder.

Poder. Na disputa eterna por ele, nenhum território pode exercer sua soberania nacional, o seu bem-querer, a sua eterna liberdade. Nessa disputa de poder, colônia vira metrópole, metrópole vira colônia - querem dominar e serem dominados, buscar e serem buscados. Nessa Guerra Fria, meu país e suas armas estão a postos, apenas esperando o gatilho ativar, por um momento de paz, nem que seja fictícia, qual os filmes de guerra, em que um herói salva o mundo e este descansa em paz. 

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