10 dezembro 2013

Fala Thiara, presidente da UJS-PE

Entrevista:
Thiara Milhomem: Organizados, teremos o poder de transformar o Brasil
Parafraseando Chico Science, quando o músico pernambucano afirmou que "é organizando que a gente pode desorganizar", Thiara Milhomem (foto), presidenta da União da Juventude Socialista (UJS) em Pernambuco, analisa o sentimento e a força transformadora dos jovens e o papel da UJS nessa luta. Leia abaixo a íntegra da entrevista.   

Como você avalia o anos de 2013, considerando o surgimento de uma "força" popular jovem que se manifestou nas ruas cobrando soluções para demandas antigas da sociedade?

Thiara Milhomem - 2013 foi um ano de muita luta, de muita conquista. É um marco de dez anos em que o Brasil passa por mudanças na sua política de programas sociais, educacional.  Em 2013, nós fazemos um certo balanço dos frutos que nós colhemos. Foi um ano de muita conquista, mas ao mesmo tempo de muita luta. Porque as conquistas dos brasileiros nesses últimos dez anos ainda são poucas diante dos desafios que nós temos pela frente, diante do potencial do país. Então, foi o ano em que o brasileiro teve consciência disso e foi às ruas, lutou, pediu mais avanços, conseguiu ter consciência do seu papel e de sua capacidade transformadora. Um ano muito importante por causa disso. Nós vimos isso nas passeatas de junho, nas atividades, greves, manifestações, que desde então pipocaram em todo o país.

Tradicionalmente, os jovens, de modo geral, pouco se interessam ou se interessavam pela política, pela participação nas lutas da sociedade. Avançou o nível de participação e a consciência política da juventude depois de junho de 2013?

Thiara Milhomem -  Acho que uma característica do Brasil é a participação dos jovens nas grandes lutas. Todas as grandes lutas da História do Brasil teve a participação fundamental dos jovens. Na abolição da escravatura, na resistência à ditadura militar, no Fora Collor, nas grandes lutas do Brasil os jovens sempre marcou presença, o que é uma característica do nosso país. Eu acho que, ao contrário, a juventude brasileira é uma juventude que quer participar, é uma juventude que tem consciência, que sofre muito na pele as dificuldades do país. Talvez seja um segmento da população que mais sinta na pele as nossas dificuldades sociais, que mais se indigna  com isso, se manifesta, coloca opinião.

Agora, é fato que a juventude não se sente representada por essa política tradicional, não encontra espaço para participar dessa política, não consegue encontrar na política mecanismos de transformação social. Isso é um desafio para a juventude, mas é um desafio também para o Estado, para a política. É um desafio  porque os jovens precisam conseguir canalizar toda essa toda essa vontade de transformação, de dispor de mecanismos que, de fato, consigam transformar a sociedade. 

Acho que este ano trouxe uma boa lição disso. As passeatas de junho, as manifestações, trouxeram avanços, trouxeram conquistas, se não foram conquistas que já fecharam o problema, mas que fortaleceram a opinião dos jovens de que eles têm a capacidade e o poder de transformar.

Qual o caminho que a UJS pretende seguir para fazer com que a voz, a indignação, desses jovens se tornem cada vez mais presentes no cenário político e social do país?

Thiara Milhomem - A UJS fala para essa juventude toda, para esses centenas de milhares que foram às ruas, que nós precisamos nos organizar. Como diria Chico Science "é organizando que a gente pode desorganizar". Então, é o caminho é a organização, seja através de partidos políticos, de organizações políticas ou não. Que seja através de atividades que consigam juntar opiniões, ideias, em que as ideias, as opiniões, as propostas coletivas sejam maiores do que o individual, sejam maiores do que as minhas próprias opiniões. Então, é nos organizando que nós temos o poder de fazer alguma transformação.

E a UJS se propõe a ser uma dessas organizações, a UJS que em 2014 vai completar 30 anos de existência, é filha da resistência à ditadura militar, é filha dos guerrilheiros do Araguaia. Então, a UJS vai fazer 30 anos o ano que vem e se propõe a ser essa organização que consegue juntar a juventude em torno do sonho por uma sociedade mais justa, mais igualitária, uma sociedade socialista.

Hoje uma de nossas principais bandeiras é a reforma política porque nós precisamos mudar profundamente o sistema político brasileiro para que essas organizações, essa juventude que tem opinião, que vai às ruas, que participa das redes sociais, de conferências, de ongs, do grêmio da escola, dos diretórios acadêmicos, consigam ser representadas e sejam representantes no nosso sistema político.

Quais é o plano de ação da UJS para 2014, levando-se em conta, principalmente, que o próximo ano é um ano eleitoral e isso cria condições para que a juventude influencie ainda mais na escolha de nossos futuros representantes?

Thiara Milhomem - O ano que vem é o ano de aniversário de 30 anos da UJS e nós pretendemos realizar várias comemorações que retomem a história da UJS e isso inclui uma caravana pelo Araguaia para estudar a Guerrilha do Araguaia tão esquecida nas escolas, pouco lembrada pela mídia. Além disso, 2014 é o ano do nosso congresso. Nesse período, a nossa ideia é retomar a história de luta da juventude brasileira, sobretudo, da história de luta da juventude brasileira no período democrático e elaborar uma plataforma da juventude para Pernambuco e para o Brasil.

Nós temos muitas ideias, muitas propostas, esse período de muita atividade nas ruas, de passeatas, alimentou mais ainda e nós precisamos transformar isso em um programa concreto de mais avanço para o Brasil, mais avanço em Pernambuco para a juventude, para os estudantes, para os trabalhadores. Nós pretendemos transformar isso em uma plataforma, aprová-la durante o período do congresso da UJS, e fazer com que isso entre na pauta eleitoral.

Quanto as eleições, nós achamos que o Brasil precisa continuar no caminho que está dando certo nos últimos dez anos, sem o conformismo de que está tudo bem, mas entendendo que nós já estamos em um caminho, já estamos construindo transformações e com o ímpeto da juventude de pedir que essas transformações sejam mais rápidas e mais profundas.
Audicéa Rodrigues, do Recife, publicado no site www.pcdobrecife.com.br e no portal Vermelho www.vermelho.org.br

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