03 fevereiro 2014

Por e-mail, a palavra do amigo Colares

Encontros e desencontros
Tadeu Colares

Tenho o costume de quando vou ao Recife Antigo ou ao um shopping (?) de vistoriar sempre livros nas livrarias Cultura ou Saraiva.

Ontem à noite fui a um cinema e enquanto esperava a hora fui à livraria Saraiva. E comecei a minha vistoria tradicional ou "garimpagem intelectual" como chamo. Dei de encontro com um rapaz jovem, funcionário da loja e perguntei sobre um livro recém lançado, mas que a livraria ainda não havia recebido, respondeu-me ele. Neste caso pedi uma sugestão de um livro lançado recente. Habilmente me sugeriu um livro de Mario Vargas Llosa: “A Civilização do espetáculo". Folheei as "orelhas" e resolvi comprá-lo.

Hoje abri o Canal Curta (na GVT é o 83) e me deparei com a apresentação de uma antiga entrevista intitulada "Sartre por ele mesmo".

Nesta entrevista Sartre discutia com vários interlocutores idéias contidas em seus livros e postas em confronto. Idéias surgidas a partir da "Guerra Espanhola" ou da Revolução Republicana Espanhola massacrada pela intervenção direta de Hitler através da aviação alemã.

No dia anterior havia comprado o último exemplar da Revista Carta Capital que tratava justamente do livro que haveria de procurar na Saraiva.

Agora direto ao ponto: na entrevista com Sartre, duas frases me chamaram a atenção. "Mentimos porque achamos que a palavra é portadora da verdade" e "O silêncio é reacionário". Sartre tratava do dilema, na época, de participar ou não da resistência militar contra o ditador espanhol General Franco.  

Ainda à noite, de volta, resolvi dar uma lida no livro que inicia com uma exposição sobre o conceito de cultura que segundo o autor é bem diferente do seu tempo de escola ou universidade. Aqui temos o encontro ou desencontro da reportagem capa, da revista com as do livro de Vargas e com as do livro que procurava "Operação Banqueiro" de Rubens Valente, onde o autor segundo uma análise de Renato Pompeu desvenda as intricadas relações do banqueiro Daniel Dantas com vários personagens políticos ou não.

Nesta trindade da reportagem capa da Revista, do livro "Operação Banqueiro”, do livro de Vargas Llosa, "A civilização do espetáculo" e a entrevista com Sartre, me veio a idéia de que as duas frases citadas por Sartre tinham tudo a ver e se interligam com os temas de ambos os livros: no "Mentimos porque achamos que a palavra é portadora da verdade" e "O silêncio é reacionário", que nos lembra o nosso "reacionário" assumido, Nelson Rodrigues.

Aqui estão dois livros que tratam de formas diferentes de como os conceitos tradicionais ou as interpretações vão sendo mudados ou manipulados para criar uma "nova verdade" e impingir ao público uma versão de cunho verossímil de fatos controversos e ainda não totalmente esclarecidos e publicados.

Com vocês e suas reflexões ou com seus "botões" como se dizia antes.

Nenhum comentário: