11 maio 2014

Jogo pesado na pré-campanha presidencial

O mandato presidencial é de quatro anos 

Adalberto Monteiro, no Vermelho

Exasperada com a possibilidade de uma quarta vitória consecutiva das forças progressistas, o espectro político oposicionista movimenta-se aberta e intensamente, buscando subverter o favoritismo da coalizão governamental nas eleições presidenciais deste ano. Considerando que estamos às vésperas da Copa do Mundo, valha-nos uma expressão própria do dialeto futebolês: a orquestração conservadora resolveu “abrir a caixa de ferramentas”.

Partiram para o vale-tudo. Tentam, por meio dos instrumentos políticos de que dispõem – em particular a grande mídia e setores do Judiciário – impedir que a coalizão governamental administre o país, ou, quando menos, que exerça a contento suas tarefas de governo.

Os editoriais dos jornalões condenam como “eleitoreiras” medidas recentes, como a correção da tabela do IR ou o aumento do Bolsa Família. Em meio a um período de forte crise econômica – crise que, depois de arrasar as camadas trabalhadoras dos países desenvolvidos, atinge agora os países em desenvolvimento –, condenam medidas anticíclicas como a redução do superávit primário. Denunciam a “insustentabilidade” de medidas como os subsídios ao Programa Minha Casa, Minha Vida, aos empréstimos do BNDES e à redução das tarifas de energia elétrica. Consideram “permissiva” a expansão do seguro-desemprego e dos abonos salariais, para não falar da pensão por morte. Chegam, mesmo, a classificar como “herança maldita” a política de valorização do salário mínimo. As candidaturas do campo oposicionista ainda se esquivam com discursos nebulosos, mas seus gurus da área da economia fazem coro com a grande mídia.

No Brasil, o governo da República dispõe de quatro anos para implementar seu programa. Mas, se depender do discurso oposicionista, o mandato presidencial deveria encerrar-se ao final do terceiro ano de governo. Qualquer tentativa de administrar o país – o que inclui medidas visando à retomada do crescimento econômico em meio a uma crise de graves proporções – é imediatamente taxada de “eleitoreira”. Resta saber o que deveria fazer o governo: talvez, como se depreende da cantilena conservadora, sentar e esperar de braços cruzados até que o vendaval da crise econômica se dissipe por si só.

A oposição repete táticas que já foram utilizadas em diversos outros momentos de nossa história. E aqui, como diz o povo sabiamente, “recordar é viver”. Recentemente tivemos a oportunidade de registrar a passagem dos cinquenta anos do golpe militar de 1964, um dos mais tristes acontecimentos da história nacional. Quando passamos em revista as alegações mais imediatas que teriam conduzido à trama golpista, vemos nas palavras dos próprios setores reacionários diversas acusações contra o governo de João Goulart: ele seria fraco, “pusilânime”, imobilista. Supostamente, Goulart teria sido deposto porque não teria mais a capacidade de governar a nação. Na verdade, não possuía o controle do Congresso Nacional, nem do Judiciário, nem da grande mídia, nem de amplos setores da máquina do Estado. Essa realidade dificultava sobremaneira a implementação de um programa minimamente avançado.

Essa é uma das velhas tática da direita brasileira: através dos poderosos instrumentos de que dispõe, busca sabotar a iniciativa política dos governos que não servem a seus propósitos, para em seguida taxá-los de “imobilistas”. Em outras palavras, tenta-se de todas as formas impedir que alguém governe; depois, diz-se desse alguém que não consegue governar, que está conduzindo o país ao “caos”. A tática volta a ser utilizada nos tempos atuais, o que exige firme posição do campo político progressista para desmascará-la.

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