21 agosto 2014

Caminhos da descoberta e do sonho

Para Eduardo, com emoção e leveza

Luciano Siqueira

Uma semana, a que passou, de consternação pela trágica e prematura morte de Eduardo Campos, sob o turbilhão de sensações, lembranças e impressões sobre o sentido da vida e da luta que travamos. Em minha memória, instantes vividos com ele e com o avô Arraes (com quem dialoguei durante exatos dezessete anos), fragmentos de uma trajetória do jovem que dera os primeiros passos no movimento estudantil, caminhara arrostando os desafios da luta institucional e agora se projetava na cena política do País. Os caminhos de Eduardo e os caminhos de cada um de nós. Sensibilidade à flor da pele.

No domingo, a Praça da República tomada por gente de todos os lugares, minha filha Lúcia, que todos conhecem por Neguinha, arquiteta e urbanista, ali estava com Alexandre, seu companheiro, Pedro de 15 anos, Miguel de 8 e Alice de apenas 1 ano. E enviou a mim e a Luci, em palavras cortantes e ao mesmo tempo leves, esse breve depoimento – que compartilho com vocês:

“Painho e Mainha, uma das lembranças da minha infância foi um ato em Brasília Teimosa. Só lembro que era noite e a música "daqui não saio, daqui ninguém me tira...” Acho que isso foi tão importante que definiu a minha vida profissional, trabalhar com as comunidades de baixa renda. Pensando nisso, quis levar o nosso trio à Praça da República, queria que eles estivessem presentes nesse momento. Vi pobre, rico, mendigo, crianças e idosos cúmplices de uma dor. Foram muitos olhares e abraços. O silêncio foi interrompido pelas palavras de ordem e força de uma comunidade ribeirinha de Recife, que chegava de barco com faixas de agradecimento. Era o povo da Ilha de Deus, uma comunidade que mudou de vida radicalmente depois de uma intervenção urbanística e social. Fui testemunha dessa mudança durante três anos da minha vida, cresci pessoalmente e profissionalmente ao lado da comunidade. 
Espero que ao vivenciar esse momento os meus meninos percebam o quanto é importante lutar por um ideal coletivo, e que ainda podemos mudar o mundo. Obrigada por te me levado para Brasília Teimosa e por tudo!"

O legado do combatente que se vai se traduz de muitos modos – sobretudo ao inspirar a descoberta, o sonho e o compromisso de vida de novos combatentes, como Neguinha e Alexandre; e plantando a semente da Liberdade e da Justiça Social em gerações que virão, como as de Pedro, Miguel e Alice.
Leia mais sobre temas da atualidade: http://migre.me/kMGFD

Um comentário:

aloisio disse...

Bom. Abração, estimado Luciano.