12 outubro 2014

O social como eixo do desenvolvimento econômico

A política econômica de Dilma
Luis Nassif, Jornal GGN

A campanha de Dilma Rousseff encontrou seu melhor porta-voz econômico: o Ministro-Chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante.
Em sua entrevista a O Valor, com alguns pontos já antecipados ao Blog, Mercadante expõe os problemas do governo DIlma, desfaz alguns mitos e avança nos pontos centrais da política econômica em caso de reeleição.
Sobre eixo da política econômica
O ponto central da política econômica der Dilma é a ideia do social como eixo estruturante do desenvolvimento econômico, diz ele. O emprego não é uma variável de ajustes. Ou seja, emprego e renda são peças centrais.
Sobre comparações entre crises
A crise que atravessamos desde 2008 é muito mais grave e atingiu o centro da economia internacional. Ao contrário do passado, que eram crises da periferia; na Rússia, na Tailândia, na Argentina, no México. E o Brasil agora conseguiu ter um dos melhores desempenhos no emprego, manteve as políticas sociais e a valorização dos salários. Fizemos uma política econômica prudente, de acúmulo de reservas cambiais e de melhora na solvência e saúde fiscal da sociedade brasileira.
Sobre a responsabilidade fiscal do governo e o tripé
A oposição recebeu a dívida pública em 28% do PIB, entregou em 60% do PIB e nós reduzimos para 35% do PIB. Tivemos responsabilidade fiscal. Temos uma política de câmbio flutuante em que o Banco Central tenta evitar oscilações muito bruscas. É muito importante para o país ter um câmbio que contribua com a estabilidade, mas sobretudo com a competitividade da economia. Nós cumprimos a meta inflacionária, melhoramos a contabilidade pública e estamos conseguindo manter as menores taxas de juros dos últimos 20 anos. Então, de que tripé está se falando?
Sobre responsabilidade fiscal e políticas anticíclicas
Quando faz um ajuste fiscal de uma visão ortodoxa, sem olhar o conjunto da economia e da sociedade, é o mesmo que estar com um avião pesado, com muita carga, e resolver jogar a turbina fora para reduzir o peso. Você cai, o país cai. Nós temos que fazer ajustes fiscais seletivos, inteligentes, que preservem os mais pobres e continuem o esforço de distribuição de renda e inclusão social.
Sobre bancos públicos
A China é o país que mais cresce no mundo e tem o maior banco público do mundo. A Alemanha tem o segundo maior banco público do mundo. Deveríamos olhar esses dois países e verificar quais são os instrumentos que eles utilizam para ganhar competitividade sistêmica e o papel dos bancos públicos.
Em junho de 2002, o Valor publicou uma matéria sobre reunião do Armínio em que defendeu na Merrill Lynch o programa de privatização do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, com base num estudo feito pela consultoria Booz Allen.
Se nós não tivéssemos os bancos públicos na retração de liquidez em 2008, o Brasil não teria o desempenho que teve nessa crise.
Sobre capital privado e financiamento de longo prazo
Agora, se querem discutir novas formas de financiamento de longo prazo e construir mecanismos de mercado para ajudar o financiamento de longo prazo, eu estou inteiramente de acordo. Acho bom esse debate ficar bem claro porque quando você pega os mesmos ingredientes, o mesmo cozinheiro e a mesma receita, vai dizer que o prato será diferente? Não, o prato é o mesmo.
Sobre preços administrados
Preço administrado não é preço livre. Existem regras de reajustamento, contratos, procedimentos. Energia, por exemplo: tivemos uma seca, um aumento forte do custo e os preços estão sendo reajustados em função dos prazos contratuais com percentuais muito elevados. O que nós dizemos é que não existe um represamento de preços que exija um choque imediato. É isso que estamos dizendo o tempo inteiro.
O preço do petróleo em qualquer país que tem uma base industrial e que tem o petróleo como uma fonte da matriz energética importante, não pode estar indexado ao preço internacional, porque um acidente no Oriente Médio causa uma oscilação e em seguida esse preço volta. Você tem que ter critérios um pouco mais consistentes de reajuste de preços porque a energia é um elemento estratégico em termos de competitividade para a indústria. Os reajustes da gasolina têm sido feitos anualmente. Houve aumento em dezembro de 2012, em janeiro de 2013. Os critérios [de reajuste] têm que ser de política energética para o desenvolvimento do país.
Sobre eleições e movimentos de bolsa
Em todas as eleições tivemos fortes movimentos especulativos e fortes pressões. Em 2002, o terrorismo econômico foi muito superior ao que se vê agora. Os que acreditaram naquilo, no dia seguinte, começaram a perder muito dinheiro. É um movimento especulativo, próprio da natureza desse mercado, que usa a eleição, que tenta interferir na eleição.
A íntegra da entrevista
http://www.valor.com.br/eleicoes2014/3729900/nova-equipe-restabelecera-confianca-diz-mercadante#ixzz3Flfuc3Im

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