28 fevereiro 2015

Uma crônica para descontrair

Minha balalaica

Luciano Siqueira

Navegando pela internet ao jeito de puro devaneio - como quem não quer nada nem nada procura - encontro a palavra balalaica, que me desperta a atenção, mas logo a perco. E não consigo mais achar o texto que passou sob meus olhos como uma nuvem transitória e rápida.

Balalaica, quanto tempo!

Em que momento da minha vida apareceu uma balalaica? Como? Em que contexto?

Nunca vi uma balalaica, o objeto. 

Mas em algum instante uma balalaica me marcou. Guardo apenas a imagem tênue de uma garota em trajes ciganos dedilhando as cordas de uma. Num filme? Ou terei imaginado a cena ao ler um romance ou um poema?

Confesso certa frustração pela lembrança fugidia. Não que o "alemão" esteja me pegando, minha memória continua ativa e generosa. Mas por que diabo não consigo localizar a balalaica em minha já prolongada existência?

O fato é que sou tomado de inexplicável afeto pelo “instrumento musical russo de três cordas dedilhadas, de sessenta centímetros (balalaica prima) a um metro e setenta (balalaica baixo) de comprimento, com um corpo triangular (nos séculos XVIII e XIX também oval) levemente curvado e feito de madeira” - conforme fico sabendo pela Wikipédia.

Sigo pesquisando: “A família da balalaica inclui cinco instrumentos, do mais agudo ao mais grave: a balalaica piccolo (muito rara), a prima balalaica, segunda balalaica, balalaica alto, balalaica baixo e balalaica contrabaixo.” 

Tudo bem, mas não resolve o meu problema: achar a razão de tamanho afeto guardado em algum cantinho da minha consciência, que agora aflora.

Gosto de música, é verdade, embora não toque nenhum instrumento, nem cante sequer o Hino Nacional, desafinado incorrigível que sou. E nunca toquei uma balalaica, nem vi tocar.

Ah, minha balalaica querida, a ti que voltas a me emocionar depois de tanto tempo, prometo que ainda descobrirei a origem do nosso amor. Sem estresse nem obsessão, mas por fidelidade a esse sentimento tão puro.

Afinal, amor é assim: nem sempre a gente explica, como ensina Clarice; a gente sente, vive e renova. 

Quantos amores você que me lê agora já teve - breves, intensos, duradouros, findos, frustrados, eternos enquanto duraram feitos chama? 

Se em sua vida em algum momento uma balalaica lhe impressionou, me avise: quem sabe aí esteja a resposta à minha busca - num filme que seja, num romance ou um poema. E meu amor se fará para sempre redivivo.

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