10 junho 2015

Depois do ajuste

Alavanca para a retomada do crescimento

Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Infraestrutura é o carro chefe da produção industrial e da geração de empregos. No Brasil e mundo afora a história econômica o tem demonstrado.

Em tempo de vacas magras, o nível de emprego vem caindo significativamente, sobretudo os postos na produção, assim como o mercado consumidor se retrai, a poupança popular despenca, os assalariados se sentem ameaçados.

Se o ajuste fiscal ora em curso - pesado, penoso - é necessário para o equilíbrio das contas públicas, tão necessário quanto ou mais é a percepção do que virá em seguida. 

Porque a expectativa de futuro é que move as pessoas - o empresariado inclusive.

A presidenta Dilma tem dito que, no pós-ajuste, funcionarão como impulsionadores do crescimento econômico o plano de investimentos em logística via parcerias público-privadas, ora anunciado; o Plano Safra da Agricultura Familiar; o Minha Casa, Minha Vida fase 3 e o novo plano de investimentos da Petrobras.

Estima-se em 200 bilhões de reais o volume de investimentos em logística - portos, aeroportos, hidrovia, ferrovias.

Não é pouco. Sobretudo pelo efeito que esses investimentos produzirão sobre cadeias produtivas associadas e também sobre a área de serviços.

Em aeroportos serão investidos R$ 25 bilhões, com base no contrato de concessão em Salvador (BA), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS) e Fortaleza (CE) e mais 7 aeroportos regionais. 

Em ferrovias e hidrovias a previsão é de investimentos da ordem de R$ 91 bilhões. 

O primeiro-ministro da China, Li Keqiang em sua recente visita ao Brasil, revelou interesse do governo chinês em aportar recursos na construção de ferrovias, indicando a possibilidade de cerca mais de US$ 50 bilhões para projetos como o da ferrovia Transoceânica, que ligará o litoral sudeste do Brasil ao Peru. 

No que se refere a rodovias, a estimativa é de R$ 42 bilhões, envolvendo onze rodovias no plano de concessões, totalizando 4.382 quilômetros. 

Os portos deverão receber investimentos R$ 54 bilhões. 

Por aí se poderá melhorar não apenas o ambiente de negócios, mas igualmente a atmosfera política. 

O governo opera com baixa popularidade, diretamente relacionada com a natureza do ajuste fiscal e o que alguns têm chamado - com muito boa vontade, diga-se - "cobertura mal humorada da mídia". 

Você abre os jornais, vê a TV, escuta o rádio ou visita sites noticiosos e se depara com um cenário horrendo, de desastre irremediável. 

Fica até difícil compreender o significativo volume de investimentos estrangeiros que se anuncia em perspectiva imediata.

Se o Brasil estivesse afundado na falência e na impossibilidade completa de recuperação, por que grupos poderosos aqui investiriam?

Das duas, uma: ou conglomerados multinacionais perderam a capacidade de analisar cenários em perspectiva ou confiam na estabilidade e no reaquecimento de nossa economia, em breve, o que lhes permite aguçar o apetite sobre nosso mercado interno, um dos mais amplos e pungentes do mundo.

A segunda hipótese é mais provável.

A próxima retomada do crescimento econômico há que seguir um modelo diferente da expansão anterior (fundamentalmente baseada na oferta de crédito, na valorização salarial e no consumo). Agora teremos que investir pesadamente em infraestrutura, melhorar a competitividade de nossa indústria via aporte de novas tecnologias e de uma política cambial sensata. 

Crescimento econômico sim, porém puxado pela produção industrial renovada e competitiva.

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