15 junho 2015

Fator de desenvolvimento

Ciência para a grandeza do Nordeste

Aldo Rebelo*, no Jornal do Commercio 

A História é controversa, pois se diz que foi o donatário Martim Afonso de Sousa que trouxe o engenho de cana para a capitania de São Vicente, já em 1532, mas há registro seguro de que o Nordeste é o berço da indústria no Brasil. Coube ao homem de visão Duarte Coelho implantar em Igarassu, por volta de 1535, a primeira de uma série de fábricas do açúcar que faria a riqueza do Brasil no século XVI. O feito histórico permanece como um testemunho eloquente de que o Nordeste e a tecnologia caminham juntos desde o início da formação social brasileira.
Indo ao ponto atual dessa linha do tempo, o estereótipo da paisagem nordestina marcada pela dicotomia entre as riquezas do litoral e as insuficiências do semiárido vem sendo revisado por uma pujança geral, atestada pela presença e expansão da indústria automobilística, química, naval, e de refinarias e siderúrgicas, além de setores dinâmicos da indústria de transformação, como o de calçados, têxtil e tantos outros. No magro ano nacional de 2014, quando o Produto Nacional Bruto cresceu apenas 0,1%, o PIB do Nordeste subiu 3,5%.
Os números são indicadores certeiros do enorme potencial que Duarte Coelho já identificou há quase cinco séculos. Como o revolucionário banguê de 1535, trata-se agora de introduzir um amplo plano de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação para o Nordeste, como parte insubstituível do projeto nacional brasileiro.
Nesse sentido, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação reuniu em Brasília governadores da região com vistas à construção de uma agenda regional de progresso, em benefício de seus 54 milhões de habitantes - brasileiros da gema que clamam por equidade nas iniciativas do Estado nacional.
A Ciência e a Tecnologia, como forjadoras do conhecimento que gera o progresso da Nação e o bem-estar de sua população, terão de desdobrar uma vertente que, integrada ao conjunto nacional, possa superar desigualdades já amenizadas no Sudeste e Sul do País. Cada um dos nove estados nordestinos tem a capacidade operacional e recursos humanos para diagnosticar as necessidades e apontar as soluções que já estão disponíveis ou ainda podem ser geradas pela pesquisa científica e tecnológica.
Toda a estrutura do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação será posta à disposição desse programa, garantindo permanência e continuidade às ações de órgãos já atuantes na região, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Vale ressaltar a atividade direcionada do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), criado em 2004, com sede em Campina Grande (PB), para irrigar o progresso cientifico e tecnológico nesse mundo seco maior que a Venezuela (982.563 km²), onde, transpondo a música do baiano Waldeck Artur de Macedo, o Gordurinha, na maior parte do tempo "só existe água nos olhos do povo".
* Ministro da Ciência e Tecnologia
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