12 agosto 2015

Movimentações benéficas

Águas revoltas e divididas

Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10

Em ambiente de crise, tudo foge ao esquadro, podemos dizer assim, porque além de uma boa dose de imprevisibilidade quanto ao desfecho, surgem contradições no percurso que podem ajudar, ou não.
Refiro-me precisamente aos esforços conjugados que nos últimos dias se verificam, tanto da parte da presidenta Dilma e das forças que a apóiam, como de setores outros não necessariamente posicionados em favor da presidenta. 
Caso emblemático: o presidente do Senado, Renan Calheiros, em sintonia com manifestações dos dirigentes das Federações das Indústrias de São Paulo e do Rio de Janeiro, e de outros segmentos influentes - até o jornal O Globo, em surpreendente editorial - apresentou ao governo uma agenda propositiva.
Segundo Renan, permanecer falando apenas em hipóteses de interrupção do mandato da presidenta significa querer “tocar fogo no País”. Buscar alternativas é, diz ele, dever de todos, independentemente de pertencerem ou não às hostes governistas.
Em sentido contrário, anteontem, quando da celebração do Cinquentenário de Eduardo Campos, instado por repórteres, o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, negou-se a sugerir propostas de superação da crise. Segundo ele, isto não cabe à oposição e sim, tão somente, ao governo.
Nessa mesma linha, o presidente da Câmara dos Deputados, o peemedebista de oposição Eduardo Cunha, torpedeia o gesto de Renan, rompendo o que parecia ser um pacto de ação conjunta no sentido de pressionar o governo. “O Parlamento é bicameral, o que o Senado aprovar necessariamente não passará na Câmara dos Deputados”, ameaça.
Na agenda proposta pelo presidente do Senado, há itens que convergem com os esforços encetados pelo governo, no quesito medidas anticíclicas, tais como a vinculação de alterações na legislação das desonerações fiscais ao cumprimento de metas de emprego ou de preservação de emprego. O mesmo se adotaria em relação ao acesso ao crédito subvencionado.
Na pauta atual do Senado, é justamente essa matéria que ocupa o primeiro lugar na fila, obstaculando a votação de medidas do ajuste fiscal.
Quanto a este item e outros mais constantes de extensa relação, a própria presidenta Dilma disse de público concordar.
Para o bom entendedor, é pela política – a prática de gestos em favor da governabilidade e preservação da ordem constitucional – que se busca viabilizar o ajuste fiscal e adiantar ações em favor da retomada do crescimento econômico.
Em consequência, releva-se que as turbulentas águas do momento sofrem novo divisor – entre os que verdadeiramente desejam que o Brasil melhor e os que preferem o caos.
Arte: Rodrigo Guimarães
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